Destaque:

Estado brasileiro na encruzilhada. Já sabemos o que a Globo quer... e você?

Queria poder dizer que criei esta montagem, mas não... recebi de um seguidor no Facebook, como comentário a um artigo anterior. rs ...

15.11.16

12 milhões de desempregados: holocausto no altar dos dogmas modernos


12 milhões de desempregados:

holocausto no altar dos dogmas modernos


Por Romulus

– Lamento ser (de novo!) o portador de notícias ruins, mas não adianta apelar para o STF. Os juristas mainstream sofrem do mesmo mal dos economistas neoclássicos.

O problema é filosófico:
– Seja por credo sincero, seja por malícia, encontram-se todos ainda nos paradigmas da modernidade. O mainstream ainda não chegou à pós-modernidade!

– Para quem franze a testa quando lê a palavra “filosofia” ou diante do palavrão “epistemologia”, é preciso vencer preconceitos e traumas escolares.

E para já:
– A questão “modernismo” vs. “pós-modernismo” não é "academicismo", nem tampouco discutir o sexo dos anjos.

Pelo contrário:
– É fundamental para entendermos como chegamos até aqui.
– E, mais importante ainda, pensar como sair desse atoleiro.


*

Na sua última coluna, publicada no GGN, Luis Nassif, em vista da tragédia econômica que o Brasil vive a partir de 2015, aborda os abusos de um experimentalismo econômico.


Diz ele:

<<A economia não é nem ciência exata nem universal. Mais ainda que na medicina, exige o conhecimento teórico, mas associado à sensibilidade para analisar as condições do paciente. No entanto, há uma ignorância ampla e generalizada do mainstream econômico em relação ao mundo real. Como se o conhecimento da economia real fosse uma extravagância, acientífica, uma forma menor de conhecimento>>

E ao final apela ao STF:

<<O ideal seria que a sede de participação do Judiciário o levasse a pensar em limites constitucionais para a política econômica. (...) Para fazer demagogia de baixo risco, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia afirmou que não é Ministra da Fazenda, para avaliar o impacto de medidas judiciais na economia. Seria mais consistente se, junto com seus colegas, definissem limites constitucionais ao experimentalismo da política econômica e aos abusos das políticas fiscal e monetária>>

*

Lamento ser (de novo!) o portador de notícias ruins, mas não adianta apelar para o STF. Os juristas mainstream sofrem do mesmo mal que Nassif corretamente aponta nos economistas neoclássicos.

O problema é filosófico!

Seja por credo sincero (dogmático), seja por malícia (de quem sai ganhando), encontram-se todos ainda nos paradigmas da <<modernidade>>:

– A era de glória da razão, tirando todas as amarras da abstração e, assim, dando lastro à explosão de um (meio) cientificismo (porque não empírico).

O transplante do enfoque das ciências exatas e da Natureza para as ciências humanas foi trágico, como não poderia deixar de ser.

No direito, chegamos, de um lado, ao Nazismo – totalmente “legal”.

Mais do que isso até: “legalista”!

Do outro lado, ao “legalismo” soviético, tão bem ilustrado pelos chamados “Julgamentos de Moscou”.

Já na Economia, com a captura da academia e dos reguladores pelo “1%” global, o credo era o da disciplina “ciência exata”. Aplicação da matemática, da abstração e da razão – “neutras”! – à (não!) ordenação da economia.

Resultado?

– A crise de 2007/2008 e a maior e mais longa recessão global desde a década de 30.

*

Notem:

Para os crentes (ou descrentes espertos), o erro não pode estar na teoria – “Oh, obra bela da razão pura e aplicada!”

O "defeito" só pode estar no mundo real, não?

Assim, tome golpes de cinzel e marreta para mutilar o mundo real, após uma falha “inesperada” (?) na realização de tão bela teoria.

Com essas amputações busca-se aproximar (coagir?) o mundo real, “defeituoso”, à premissa daquela teoria. Ou seja, aproximar a realidade complexa ao modelo, com a sua representação simplificada da sociedade.

Ajustar a tese a premissas diferentes?

Ao mundo real, como ele é?

– Ora, <<jamais>>!

*

O mainstream não chegou à pós-modernidade

Se perguntar ao Min. Barroso, ele correrá para se dizer um jurista pós-moderno!

Terá até artigo debaixo do braço para provar... e até com "pós-modernidade" no título!


Mas...

Pelo que esse senhor fala hoje (mais abaixo), esse artigo – como tudo mais! – terá sido apenas parte do personagem...

Parte da "roupa de domingo", vestida até – e (principalmente) para! – chegar ao STF, ambição (sequer disfarçada) de toda a sua vida.

Esse “look” bacana não dispensava tampouco “acessórios” da moda:

– “Brincos” reluzentes de fetos anencéfalos, “relógio” novo feito de células tronco embrionárias, “gomalina” para os cabelos crespos das cotas raciais e sapatos – Dolce & Gabbana! – para um casamento gay.


Sem (mais) comentários...

*

Explorei essa questão epistemológica (modernidade vs. pós-modernidade) – tanto no Direito quanto na Economia – em artigo do mês passado:


Mais abaixo, reproduzo um extrato desse post.

Para quem franze a testa quando lê a palavra “filosofia” ou diante do palavrão “epistemologia”, é preciso vencer preconceitos e traumas escolares.

O tema é fundamental para o debate proposto pelo Nassif acerca dos rumos econômicos do Brasil.

E também para o debate e reformulação do nosso Judiciário e, em seu topo, do STF!

– Não será o STF a proteger-nos dos zelotes da Economia, Nassif! Não quando padecem dos mesmos males!

Busca rápida no Google dá cabo de qualquer dúvida a esse respeito:


(como se nota nos dois resultados de baixo da pesquisa, o Min. Barroso já é um freguês aqui no blog...)


A questão “modernismo” vs. “pós-modernismo” não é "academicismo", nem tampouco discutir o sexo dos anjos.

Pelo contrário:

– É fundamental para entendermos como chegamos até aqui.

E, mais importante ainda, pensar como sair desse atoleiro.

Refazer as bases do conhecimento, com alicerces sólidos, é a única maneira de erigir novos andares com solidez.

Isso, em lugar dos "puxadinhos" com que vimos construindo até aqui.

Pois vem as aguas de março e as enchentes levam tudo.

Ano após ano.

“Castelo de cartas construído sobre a areia”

Nos dois campos do conhecimento!

Os improvisos de até aqui não nos levam a alturas maiores que as da galinha quando voa.



*

Brasil: quem é quem no <<galinheiro>>

Os que cantam de galo no Direito...

... as “frangas” soltas na Economia...

... e os que padecem das excreções das suas cloacas:
(trolls – eu sei que a foto debaixo é de Portugal! Nada demais... lá também é um galinheiro!
Aliás, não é justamente Portugal o galinheiro de onde vieram as nossas aves matrizes??)

*


(...)

(iii) Os limites da razão e o modernismo extemporâneo no Brasil

A pós-modernidade caracteriza-se pela constatação – e aceitação! – dos limites da racionalidade humana. Não por outra razão a literatura econômica superou – forçada que foi – o conceito do homus economicus, o indivíduo que tomava decisões (apenas) com base na razão, pilar da escola neoclássica.


http://jornalggn.com.br/sites/default/files/u28333/cartoonhomuseconomicus_0.jpg
http://jornalggn.com.br/sites/default/files/u28333/cartoonhomuseconomicus2.jpg

Por ser apenas uma ficção, trazia limitações intrínsecas aos modelos econômicos que o tomam por base na fase de abstração. A tentativa de se extrapolar as conclusões desses modelos para o mundo real logicamente foi frustrada, com direito até a demonstração empírica em escala global a partir de 2007/2008, com o neoliberalismo colocado em xeque.

Ora, se a racionalidade humana é colocada à prova – e muitas vezes derrotada! – nas decisões mais comezinhas da vida econômica dos indivíduos, que dizer das decisões em que indivíduos “preclaros” – seja em Curitiba, seja no STF, seja no Parlamento – passam por cima das garantias individuais e coletivas constantes do próprio contrato social (!) de 1988?

Menos, Srs. “preclaros”, menos...

Podem impressionar incautos que deem valor a capas pretas, títulos, falar “bonito” e canudos, dado o fetiche ibérico por tais coisas que herdamos – junto com a sífilis, observaria Chico Buarque. Menos efeito têm sobre pessoas esclarecidas cujo pensamento passou além das obras da modernidade – a era de glória da razão – e que aceitaram o caos da pós-modernidade e os limites que esse impõe a abstrações racionalistas. Ou ao menos à sua extrapolação para o mundo real.

Na Economia, em lugar do homus economicus racional, ficamos com outro, sujeito à chamada “racionalidade limitada” (bounded rationality) (a) pelas informações disponíveis, (b) pelos déficits cognitivos e (c) pelo tempo disponível para a tomada de decisão. Sabe-se agora que escolhem o que satisfaz – oh, subjetividade! – em vez do que é ótimo. Esse último, o ótimo, podia ser lindamente aferido, com precisão “científica”, por equações complexas.

Que fazer agora?

Ora, o primeiro passo é ter...

– ... humildade intelectual!

E desconfiar sempre de "verdades absolutas"... 

E isso só na Economia?

Nada disso! Da mesma forma, trabalhos mais recentes no campo do direito* (do direito!) demonstram ~empiricamente~ – isso mesmo: com testes randomizados duplo-cego e com base amostral suficiente para extrapolação estatística! – como ~juízes~ estão sujeitos:

(a) a decidir com base em processos mentais simplificadores – heurística  usando atalhos mentais (“pré” “conceitos”), aproximações, intuições, e

(b) a cair vítima, em seus juízos, de vieses cognitivos (cognitive bisaes – expressão que já vi traduzida também como “defeitos cognitivos”).

[*trabalho realizado por pesquisadores de ponta americanos, Guthrie e Rachlinski, com quem, inclusive, tive a honra de trabalhar. Pena que Moro e Dallagnol não fizeram essa cadeira em Harvard, não é mesmo?]

Notem bem: Isso tudo apenas isolando as cabecinhas “preclaras” dos juízes, num “ambiente de laboratório”. In vitro, digamos assim...

in vivo?

Que dizer da vida real, em que há pressões do entorno?

E pior: que dizer da vida real brasileira, em que o mercado de opinião sofre da doença – ao menos econômica – da oligopolização?

Bem sabemos que nossos barões midiáticos não são neutros e, ao contrário, fazem uso (nada sutil) do poder de mercado que detêm. Tanto no meio quanto na mensagem. Logo, mantendo a linguagem científica, são também uma variável no experimento. Variável essa impossível de isolar no caso brasileiro.

(iv) Modernismo extemporâneo nos leva para antes do Iluminismo

Mas e daí?

Qual a relevância disso?

Não ficamos melhor sob o despotismo desses “doutores”, “preclaros”, que tanto estudaram – mesmo que com essa tal de “racionalidade limitada”, que sob o despotismo de um indivíduo "medíocre" (Presidente) ou de um colegiado de centenas de "medíocres" (Parlamento), eleito por outros "medíocres", esses contados às centenas de milhões, muitos sem sequer educação formal (o povo brasileiro)?

Pois pergunte isso à Lisa Simpson! Ela teve uma demonstração empírica do que é menos ruim.

Aliás, o caos da pós-modernidade e a aceitação dos limites da razão impõem exatamente isso: escolhe-se sempre o menos ruim. Não o melhor. “O melhor” só existe dentro da nossa cabeça. E pior: varia de uma cabeça para a outra!

Deve-se acrescentar, ademais, que quando se tem a supremacia de uma (a) Constituição nem haveria que se falar mais em despotismo, do Presidente ou do Parlamento, pois ela seria o limite máximo aos poderes dos candidatos a déspota. Para além dos freios de uma Constituição, o liberalismo político possui garantias adicionais contra excessos individuais – de candidatos a déspota ou não: (b) a separação dos Poderes, (c) o debate público e (d) o regime democrático.

Ah, sim?

Pois se prepare para ficar arrepiado:

– Todos esses limites ao despotismo estão colocados em xeque no Brasil hoje!

(...)

<<fim do extrato>>

*

Extras:

Links para os posts que apareceram na busca no Google “Barroso” + “na Economia eles escolheram os melhores nomes” (aff...):
(clique na imagem)



*   *   *


Achou meu estilo “esquisito”? “Caótico”?

- Pois você não está só! Clique na imagem e chore suas mágoas:


*

(i) Acompanhe-me no Facebook:


*

(ii) No Twitter:


*

(iii) Aqui no meu blog (óbvio!) – assine aí embaixo para receber novos posts por email!

*

(iv) E também no GGN, onde os posts são republicados:


*


Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como "uma esquerdista que sabe fazer conta". Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também. 


2 comentários:

  1. Meu amigo, os capas-pretas que se cuidem e botem as barbas de molho! Ah, esqueci, "modernos" ou "pós-modernos" que sejam, eles não usam barba. Não cai bem em pessoas "do seu nível". Desde que abriram a caverna, lá nos idos de 2005, se não me engano, vimos que se multiplicaram ou as máscaras se desfizeram com a luz do dia, e até o'menino-prodígio" mostrou que tem presas bem afiada. Suspiro... longo suspiro...

    ResponderExcluir
  2. "Seja por credo sincero (dogmático), seja por malícia (de quem sai ganhando), encontram-se todos ainda nos paradigmas da modernidade"

    Sim, tem gente burrinha que crê de coração. Mas é minoria!

    A má-fé e a esperteza imperam.

    ResponderExcluir