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Estado brasileiro na encruzilhada. Já sabemos o que a Globo quer... e você?

Queria poder dizer que criei esta montagem, mas não... recebi de um seguidor no Facebook, como comentário a um artigo anterior. rs ...

9.11.16

TRUMP: A VINGANÇA – KAMIKAZE! – DOS 99% CONTRA O 1%



Trump: a vingança – kamikaze! – do 99% contra o 1%

Por Romulus

– Trump promete nada menos que rever todos os acordos comerciais bilaterais dos EUA, para uma substituição de importações tardia... algo inimaginável! E afirmo isso como especialista na disciplina. Só não digo que Trump pratica estelionato eleitoral (mais um) porque ninguém pode afirmar ao certo o que se passa na cabeça do sujeito. Vai que....

– Vingança do 99%?
Qual foi o causus belli entre o eleitorado e a classe política tradicional?
Respondo:
A implementação em menor ou maior velocidade – mas “inexorável” – do Consenso de Washington a partir dos anos 80.

– Rentistas e financistas abusaram:
Tomaram partido da alavancagem que detinham sobre o poder político para sangrar os orçamentos públicos até quase o ponto de ruptura.
Produziram a maior concentração de renda da História humana:
Em 2016, pela primeira vez o célebre 1% do topo detém mais riquezas que todos os outros 99%!

– E os políticos?
Também abusaram.
Usaram à exaustão os artifícios de que costumam tomar partido para mascarar a tunga que finança e rentistas fazem no orçamento público.


Que artifícios?
Os da política, ora: discursos insinceros, hipocrisia, cinismo, cara de pau e sucessivos estelionatos eleitorais.

– E o que resta à esquerda, minorias e setores populares no mundo?
Por ora, imperativos de sobrevivência:
União (desesperada?) e política de contenção de danos, com luta pela mitigação das perdas dos vulneráveis.
Simples assim.




*


É sem nenhuma vaidade pessoal que tenho de vestir a carapuça de Cassandra condenada e dizer (mais uma vez...):



– Eu avisei!

Reproduzo, mais abaixo, partes de dois posts publicados neste ano, no meu blog no GGN. Um, há um mês, logo depois do primeiro turno das eleições municipais brasileiras. O outro, em junho, logo depois da vitória do Brexit em referendo no Reino Unido.

Mas por quê?

O que os eventos tratados nesses dois posts, o Brexit e as eleições municipais brasileiras, têm em comum entre si e – mais importante! – com bomba do dia:

A surpreendente (?) vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA?

Ora, respondo com o título deste post:

– Tratam-se todos eles de ~ marcos ~ (históricos!) da vingança do 99% contra o 1%.

Infelizmente (para todos nós!), como noto no título, trata-se de uma vingança...

– ... kamikaze!

*

Senão vejamos:

Eleições municipais: política se tornou apolítica?!

(post originalmente publicado em 4/10/16)

Por Romulus

Questão interessante colocada pelo comentarista André B depois de ler o post de ontem (“Que Dória que nada! Sr. Indiferença e lobbies vencem eleições de 2016”)
– A política se tornou então apolítica?
Para responder, temos de fazer a distinção entre duas das várias acepções da palavra política.
Por definição, a "política" enquanto correlação de forças com vistas a cuidar dos problemas da polis não pode ser apolítica. Seria ilógico e mesmo contrafático. Até nas ditaduras mais fechadas e sanguinárias, nos regimes mais autocráticos, há ainda essa tal correlação de forças, embora restrita a um “colégio eleitoral” mínimo. Pense num ditador “militar” vs. seus generais, como em Angola ou na Coreia do Norte. Ou no Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista da China – composto por apenas de 5 a 9 pessoas. Na China isso fica ainda mais claro: evidentemente a atual complexidade da sociedade chinesa exige correlações de força muito mais abrangentes do que os acertos entre a meia dúzia do Politiburo.
Mas no que tange à palavra "política" em sua dimensão partidária-eleitoral nas democracias ocidentais – centrais ou periféricas – não tenham dúvida: a política se torna cada vez mais apolítica. Sim: um oximoro, um paradoxo apenas aparente.
Primeiro porque o colégio eleitoral volta – depois de 100 anos de expansão e franqueamento democratizante – a se estreitar.
Agora num movimento “voluntário”, em que o eleitorado “deliberadamente” fica indiferente à disputa política tradicional. Isso quando não resolve votar naquele que chega de repente e promete fazer a “casa cair”:
(i) Ou pregando uma “pegadinha” deliberada nos políticos tradicionais, que tantas “pegadinhas” vêm pregando neles há décadas (modalidade 1 de “voto de protesto”);
(ii) Ou num impulso de rejeição generalizada, refletindo um descontentamento difuso, não muito bem articulado ou mesmo verbalizado (modalidade 2 de “voto de protesto”);
(iii) Ou, em último caso, como resposta ao desespero diante da indigência batendo às suas portas. Nesse ponto, a taxa de desconto (conceito da Economia) do europeu e do norte-americano pauperizado volta àquela da África Subsaariana. O que importa é garantir o jantar de hoje à noite. E não “impedir o aquecimento global” ou evitar uma guerra comercial como a que levou à Segunda Guerra Mundial.
Trump promete nada menos que rever todos os acordos comerciais bilaterais dos EUA, para uma substituição de importações tardia... algo inimaginável! E afirmo isso como especialista na disciplina. Só não digo que Trump pratica estelionato eleitoral (mais um) porque ninguém pode afirmar ao certo o que se passa na cabeça do sujeito. Vai que....
E como chegamos aqui, a este completo descasamento entre eleitorado e a classe política e partidos tradicionais?
A minha tese é a de que isso decorreu de um processo de divórcio lento e demorado – 30 anos!
Qualquer divorciad@ confidenciará que os longos são os piores... qualquer sentimento de respeito, apreço e mesmo consideração terá tempo suficiente para sumir por completo diante da sedimentação e da introjeção da ideia de que o outro não fará mais parte da sua vida. Não só não fará parte como, a partir de determinado momento, pode passar facilmente à figura de antagonista, em caso de “litigio”.
E qual foi o causus belli entre o eleitorado e a classe política tradicional?
A implementação em menor ou maior velocidade – mas “inexorável” – do Consenso de Washington a partir dos anos 80.
Não importava em quem se votava: Democrata ou Republicano, PT ou PSDB. O grosso do programa de governo – a parte que trata da “fatia do leão” dos orçamentos públicos – já estava dado por FMI, Banco Mundial e credores das dividas soberanas (outros Estados ou banca internacional).
Diferença se havia – e havia! – limitava-se a:
(i) políticas de mitigação da pauperização da base da pirâmide, como transferência de renda; ou
(ii) esforços para dar ao sistema uma cara menos desumana, tentando cavar pequenas rachaduras nos “tetos de vidro” (glass ceilings), instransponíveis aos filhos desse andar de baixo. Verdadeiras barreiras “sutis” à ascensão social.
E por que de tetos de vidro? Porque são “invisíveis”, “suits”... pode-se admirar toda a beleza do que fica para além deles. Mas o incauto debaixo que ousar avançar contra os mesmos quebrará a cara. O vidro é blinddo!
*
Pois bem. Recapitulando, ficamos então com:
– 30 anos de Consenso de Washington “inexorável”; e
– Escolha apenas entre com ou sem “anestesia”.
Ora, num quadro assim inevitavelmente surgirá a indagação: “votar para quê?"

E isso seja na Europa Ocidental da “socialdemocracia” (a partir daí com aspas mesmo...), no modelo “com anestesia”, seja nos EUA da Reaganomics e da trickle down economics, o “gotejamento” do topo para a base da pirâmide da riqueza que se deixa crescer – “sem embaraços do governo!” – lá em cima. Ou seja: o modelo zero anestésico.
E por que num segundo momento passa-se da indiferença do eleitorado à hostilidade aberta contra a política tradicional? À sua negação?
Porque os rentistas e financistas abusaram.
Tomaram partido da alavancagem que detinham sobre o poder político para sangrar os orçamentos até quase o ponto de ruptura.
Soa familiar no Brasil de 2016 e de teto de gastos não financeiros por 20 anos?
Rentistas e finança foram extremamente favorecidos pela conjuntura:
– Fim da ameaça (alternativa?) “vermelha";
– "Fim da História" (?) de F. Fukuyama, como corolário da “inexorabilidade”;
– A liberalização selvagem dos mercados no Centro e na Periferia, muitas delas se valendo da nossa já conhecida "Doutrina do Choque", de Naomi Klein.
Eles abusaram sim... produziram a maior concentração de renda da História humana! Em 2016, pela primeira vez o célebre 1% do topo detém mais riquezas que todos os outros 99%.
O divórcio é então por culpa exclusiva dos rentistas e de sua ganância?
Não. Os políticos também abusaram nos artifícios que costumam utilizar para mascarar a tunga que finança e rentistas fazem no orçamento público.
Que artifícios?
Os da política, ora: discursos insinceros, hipocrisia, cinismo, cara de pau e sucessivos estelionatos eleitorais.
Resultado?
O eleitorado ficou imune. Está "dessensibilizado", como digo no post de ontem. Isso com a ajudinha providencial da grande mídia e dos seus patrocinadores, como explico lá.
Que fazer agora quando os que foram sacaneados por 30 anos resolvem sacanear de volta o sistema com a única arma que lhes resta - o voto?
"Greve"? "atos públicos"? “boicotes”? “desobediência civil”?
Quando? Onde?
Situação difícil...
Ainda mais num contexto de fim do "carreamento" do mercado de opinião pela mídia hegemônica, por natureza moderada e moderadora, em virtude da mudança tecnológica e da ascensão das redes sociais e de suas bolhas rivais.
Ainda vamos bater muito a cabeça antes de descobrir como sair deste buraco em que nos encontramos.
Por ora, imperativos de sobrevivência:
– União (desesperada?) das esquerdas e política de contenção de danos, com luta pela mitigação das perdas dos setores populares / vulneráveis.
Simples assim.
*   *   *

Cameron tira faca do pescoço da UE, mas usa para haraquiri: os bastidores políticos do Brexit

(post originalmente publicado em 29/6/16)


(...)

O troco dos esquecidos e a advertência ao establishment econômico e político
Não se enganem: há todo um texto de xenofobia, descrença nas instituições e chauvinismo no voto pelo Brexit. Mas há também um subtexto, a que poucos estão dando atenção. Não dão porque ele claramente não convém ao establishment. Nem ao político nem ao econômico.
E que subtexto é esse?
Ora, “é a economia, estúpido”. O Brexit não deixa de ser o troco que dá – à City Londrina – a “Inglaterra profunda”. Ou seja, aqueles segmentos da população pobre com pouca educação formal, vitimada pela desindustrialização e pela financeirização desenfreada do Thatcherismo para cá.
A City explodiu economicamente! Passou inclusive Nova York como a maior praça financeira do mundo.
Bravo, Maggie T.!

E o norte da Inglaterra?
E o interior?
Saibam que há famílias, como as dos mineiros de carvão com quem Maggie Thatcher travou a histórica queda de braço, que já estão na terceira geração de pessoas perpetuamente desempregadas (!). Ou seja, o avô mineiro nunca mais conseguiu emprego depois que Thatcher fechou a sua mina. E pior: vivem em cidades-fantasma em que seu filho e seu neto nunca conseguiram empregos tampouco. Durante todas as suas vidas!
E o que as três gerações de desempregados perpétuos veem na TV?
Ora, a exuberância dos números da City Londrina e a fala dogmática dos seus yuppies – os originais, da geração X, mas também os seus minions, da geração Millennial. Falando todos eles, evidentemente, com a empáfia e a arrogância que lhes é peculiar.
E que arma é dada à “Inglaterra profunda” para revidar pelos decênios de espoliação e transferência de renda para a City, à la Robin Hood às avessas?
Apenas uma: o voto. E, com ele, o apoio – sincero ou em protesto – aos discursos populistas, demagógicos, extremistas e anti-sistema.
Soa familiar?
Lembra em alguma coisa o crescimento da franja política de extrema-direita no Brasil de 2013 para cá?
[Solto um longo suspiro]

*

Demagogia tipo exportação
Não por acaso Marine Le Pen fez, na França, pronunciamento quase ao mesmo tempo em que Cameron pedia, ao vivo, demissão. Isso logo após a confirmação de que o Primeiro-Ministro tirara a faca do pescoço da UE tão somente para com ela... fazer um haraquiri!
Adeus, Cameron! Gênio...
Mas...
Olá, Marine le Pen!
Saibam que o grosso do novo eleitorado de Marine e da sua Frente Nacional é composto por ex-apoiadores da esquerda nos extratos mais populares e com menor educação formal, novos excluídos da sociedade de consumo. “Novos” porque em geral tinham empregos, que desapareceram na onda de desindustrialização, financeirização e achatamento do orçamento público dedicado à educação, geração de empregos e seguridade social. Isso se dá no campo, mas também nas cidades, principalmente as do Norte da França, berço – e ao mesmo tempo cemitério! – da industrialização no país.
Ok... digo sim adeus a Cameron.
Mas...
Serei obrigado a dizer “olá” a Marine Le Pen?
Sério?

*
Epílogo:
Como se diz “eu avisei...” em inglês mesmo, hein?
Por quê?
Porque, segundo a S&P, o resultado do referendo pode levar a “uma deterioração da performance econômica do Reino Unido, inclusive do seu enorme setor de serviços financeiros".
Sério?! Não imaginava coisa parelha...
Mais cedo a Libra despencou ao nível mais baixo dos últimos 31 anos em relação ao dólar. Além disso, os mercados fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo.
Na sexta-feira, outra agência de risco, a Moody's, rebaixou a perspectiva do rating soberano do Reino Unido para negativa.
Adeus, Cameron... vá com Deus.
Não vamos sentir a sua falta.
Ah, a propósito: lembrei como se diz “eu avisei...” em inglês:
– I told you so.
Ou, para ser profético-dramático e empregar retórica bíblica:
– The writing [was] on the wall.

*

>>Atualização 9/11/16<<

Mercados desabam com a vitória de Donald Trump nos EUA:




Vocês sentem pena do 1%?

Com suas ações e ativos perdendo valor?

Eu não tenho nenhuma!

Pena eu sinto é das minorias e das classes populares, que serão fatalmente atingidas. Ou no meio do tiroteio, ou – pior! – oferecidas em holocausto para purgar a malaise social global.

As minorias, sacrificadas pelas massas brutalizadas pela exclusão de 30 anos.

E os direitos sociais dos setores populares, como gesto de composição com...

– ... o 1%!

Que, aceitem (?), nunca perde.

Pelo menos não totalmente...

Quem viver verá.

Ontem:





Hoje:



2017?

E depois, minha gente?!


???

*
Bônus: rir da família Trump brasileira para não chorar do Brasil
Fecho esse mega-post com a “genialidade” da nova geração da família Bolsonaro.
Haja meritocracia!
Engraçado como os “meritocráticos” na política – e na mídia e no Judiciário e na... – sempre encaixam os “talentosos” filhos no seu métier, não é mesmo?



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Atualização 13/11:


Cristina Kirchner avalia razões da vitória de Trump nos EUA.

*   *   *

Achou meu estilo “esquisito”? “Caótico”?

- Pois você não está só! Clique na imagem e chore suas mágoas:


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(iii) Aqui no meu blog (óbvio!) – assine aí embaixo para receber novos posts por email!


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(iv) E também no GGN, onde os posts são republicados:


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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como "uma esquerdista que sabe fazer conta". Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também. 









12 comentários:

  1. Primeiramente... parabéns pelo novo blog!
    Em segundo lugar... dane-se o Temer, que já se danou tudo mesmo!
    Gosto muito da sua visão macro dos fatos. A gente não perde vista a interligação dos eventos, o que nos ajuda a entender melhor o duro momento em que vivemos e como chegamos a ele.

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  2. Novo espaço? Que dia(s)! Estamos em rota de colisão com a civilidade e a esperança. Cada dia mais cinza o horizonte. Mais um compêndio. Abraço. Anna.

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    1. Pois é.

      Tive problema com os ataques ao GGN.

      Perdi um post pronto ontem! 10h de trabalho e uma noite virada na lata do lixo!

      Então por precaução agora vou fazer backup aqui.

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  3. Seu melhor post, Romulus!!! Direto no ponto.

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    1. valeu, mas esse foi mais um "melhores momentos" de posts passados.

      Infelizmente "the writing [was] on the wall".

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  4. Há um outro lado: o war party perdeu e a WWIII fica adiada.

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  5. Vamos supor que o 1% não está gostando nada desses cidadãos kamikazes e está propondo uma tal de epistemocracia: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1829957-decisao-politica-deveria-vir-dos-que-tem-conhecimento-diz-filosofo.shtml?mobile

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    1. Pois é...
      Sempre vêm com essas propostas demofóbicas. Patético.

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  6. Desculpe, Romulus, mas não vi onde se encaixou a atualização de hoje.

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    1. Oi, Tânia.

      Provavelmente quando você leu ontem já devia ter o acréscimo.

      No mais mudei o layout mesmo.

      Daqui a pouco vou subir um outro Post relacionado.

      Ia colocar como atualização, mas melhor subir como autônomo.

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