Destaque:

Estado brasileiro na encruzilhada. Já sabemos o que a Globo quer... e você?

Queria poder dizer que criei esta montagem, mas não... recebi de um seguidor no Facebook, como comentário a um artigo anterior. rs ...

30.1.18

A intrigante transmutação de Glenn Greenwald: de “falcão” anti-socialista a “pombo” “primeiro-marido” do PSOL


O “apagão” editorial consagrado pelo veículo The Intercept a determinadas pautas chave para a luta da resistência democrática no Brasil tem intrigado muitos observadores mais atentos. O exemplo mais recente – e cristalino – diz respeito às denúncias do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán contra a Lava Jato. A bem da verdade, o nome “Tacla Durán” acabou até surgindo no Intercept… mas somente um tanto atrasado, já na virada do ano, numa retrospectiva de assuntos escondidos pelo Cartel Midiático brasileiro. Faltou apenas registrar, ademais, que tal pauta tampouco deu as caras no Intercept ao longo de 2017, não é mesmo?
Aumentando ainda mais o caráter intrigante em torno da política editorial do veículo, eis que ressurge artigo publicado pelo seu criador e editor-chefe, Glenn Greenwald, no distante ano de 2005. O texto, extremamente crítico (para dizer o mínimo) ao socialismo e às suas lideranças na América Latina, chega ao ponto de defender entusiasticamente a “doutrina Bush”, de “ataque preventivo”. Isso, naquele rescaldo de invasão do Afeganistão e do Iraque. A garimpagem do artigo foi feita pelo jornalista Antonio Luiz M.C. Costa, da Revista Carta Capital. A sua tradução para o português, bem como os grifos, são obra da ativista digital – e cantora – Isabel Monteiro.
Na sequência da tradução, há um interlúdio com algumas postagens minhas nas redes sociais relacionadas ao tema. E, para fechar, a tradução para o português de artigo de grande repercussão publicado semanas atrás na Mint Press News, de título “Delatora do FBI fala sobre Pierre Omidyar e sua campanha para neutralizar o WikiLeaks”, com o lead:
A delatora do FBI Sibel Edmonds afirma que (o bilionário) Pierre Omidyar (dono do eBay e do PayPal) decidiu criar o The Intercept não somente para se apropriar dos vazamentos de Snowden, mas também para levar adiante o bloqueio contra o WikiLeaks e ainda criar uma isca para atrair (novos) vazadores/ delatores.
*
Tradução, postagem e grifos por Isabel Monteiro, vulgo @GringaBrazilien
Texto de Glenn Greenwald, editor do Intercept, publicado no seu blog em novembro de 2005, durante a visita do então presidente dos EUA George W. Bush à America Latina, que incluiu o Brasil, revela o que ele realmente pensa da Esquerda na América Latina, seus líderes e militantes.
[Nota Duplo Expresso: digno de nota, também, é a posição externada por Glenn Greenwald, que se descreve então como “um advogado constitucionalista com militância em direitos humanos convertido em jornalista”, com relação à “doutrina Bush”, de “ataque preventivo”]
Texto original no blog do Sr. Greenwald (em inglês):
The reality of Latin American reaction to Bush
Glenn Greenwald
Friday, November 04, 2005
A verdade sobre a visita de Bush a América Latina
Por Glenn Greenwald
Sexta-feira, 04 de novembro de 2005
George Bush está na América Latina nesta semana, visitando o Brasil e a Argentina, e a maioria das reportagens na mídia americana estão tentando retratar um pequeno número de “protestos” isolados, organizadas por socialistas infantis, como uma espécie de grande protesto popular contra a visita de Bush, sugerindo, mais uma vez, que as políticas da Administração dele são falhas, porque as pessoas em outros países não gostam do Bush.
Como de costume, a realidade é bastante diferente do que a mídia dos EUA está reportando.
É verdade que nesta região (como também nos EUA), ainda existe um pequeno e fervoroso grupo de fanáticos de esquerda que têm uma paixão louca pelas desgastadas políticas socialistas/coletivistas que condenaram milhões e milhões de pessoas na América Latina à pobreza, pobreza inimaginável até mesmo para os americanos mais pobres.
Essas tais “manifestações de massa” na Argentina e no Brasil são na realidade nada mais do que alguns incidentes isolados de grafitagem de slogans pacifistas banais em Brasília, e um “rali”, semelhante ao da Cindy Sheehan, de socialistas do núcleo duro na Argentinaliderados por um jogador de futebol gordo e aposentado, venerador do Castro, que encontrou tempo suficiente longe de seu vício de cocaína de dezenas de anos, para aparecer usando uma camiseta tão inteligente com o nome de Bush em cima de uma suástica.
Um quadro bastante diferente das demonstrações de massa e revolta popular anti-Bush, descritos pelo New York Times e inúmeros repórters de televisão.
Em alguns países, especialmente na Venezuela, essa mania antiquada anti-americana da Esquerda não é pequena, mas predominante, e é o que levou esse país a estar sob o polegar do repressivo do Hugo Chavez, uma cópia  do Fidel Castro, cujo principal objetivo ao participar da cúpula regional Latino-Americana, parece ser atrair Bush e os EUA para uma espécie de jogo de insultos infantis, ao invés de estar fazendo algo construtivo para ajudar o seu empobrecido e instável país.
Não é surpresa que o principal aliado de Chávez, que ama atenção, nesses joguinhos, parecem ser os jornalistas e correspondentes americanos que estão reportando a viagem de Bush. Eles instintivamente regurgitam histórias desse suposto enorme sentimento anti-Bush, baseados simplesmente num punhado de socialistas lerdosque destroem a propriedade pública com clichês anti-guerra e hippies latino-americanos desempregados, reunidos pra cantar uma música, curtir uma celebridades e entoar uns cantos.
A mídia americana está acostumada a traduzir esses incidentes isolados de forma equivocada, como se fossem uma representação da opinião pública maior, na viagem com Bush pela América Latina, eles obviamente carregaram na mala a sua preguiça jornalística.
É a mesma verdade nos EUA, os agitadores socialistas Latino-Americanos, que captaram a atenção e o carinho dos meios de comunicação americanos, são tão sem substância quanto são inconsequentesSão amantes de Fidel CastroEles insistem que a raiz de seus graves problemas econômicos não são suas políticas coletivistas ou de caráter nacionalista, é claro, mas as políticas econômicas malignas dos EUA. Ao mesmo tempo, é claro, que ficam furiosos porque o malvado dos EUA não lhes está fornecendo uma maior ajuda econômica.
Durante o furacão Katrina, os jornais no Brasil foram preenchidos por artigos de colunistas da esquerda e cartas proclamando com a maior seriedade, que Katrina aconteceu porque Bush não assinou o Tratado de Quioto e, como resultado, os americanos estavam recebendo o que mereciam. Esse é o nível intelectual e moral desse pequeno grupo.
Não há como negar o fato que grande parte do mundo se opõe àguerra no Iraque e a América Latina não é exceção. Isso não é uma surpresa. Seja qual for a opinião sobre a guerra no Iraque, é sempre o caso que as ameaças à segurança nacional de um país só sãolevadas à sério pelas pessoas daquele  próprio país, e são levadas menos a sério pelas pessoas de outros países.
Os ataques de 11 de setembro não ocorreram em São Paulo e a Al Qaeda não está declarando guerra aos peruanos. Portanto, é perfeitamente compreensível, mas igualmente irrelevante, que os latino-americanos não percebam como é fundamental e urgente a necessidade de mudar o Oriente Médio, da mesma forma que os americanos percebem que isso precisa acontecer..
Deveria ser óbvio que os riscos colocados à segurança nacional americana serão melhor compreendidos e apreciados pelos americanos e não por aqueles em outros países.
E no entanto, a mídia americana se recusa a entender o que os cidadãos americanos entendem perfeitamente bem: especialmente quanto à questões de segurança nacional americana: o fato das pessoas em outros países se oporem ao que estamos fazendo, não significa que o quê estamos fazendo é equivocado ou errado.
Isso parece ser uma ideia simples de entender, mas mesmo assim o argumento central da mídia americana, bastante refletido na viagem latino-americana de Bush, é que “as pessoas em outros países não gostam de Bush, portanto ele é um presidente ruim”.
A grande maioria das pessoas aqui no Brasil, e em toda a América Latina, não estão grafitando muros, ou abandonando os seus empregos e filhos para ir participar de uma manifestação anti-Bush.Apenas um pequeno número de adoradores do Che Guevaraestão fazendo isso. Mas nada disso impedirá a mídia americana de descrever a realidade aqui de forma muito diferente, porque os comícios anti-Bush em larga escala são excitantes, divertidos e consistentes com sua ideologia.
UPDATE: Enterrado no relato do “protesto” do New York Times nesta manhã, submerso embaixo dos parágrafos iniciais e típicos que descrevem este protesto depravado como prova de que “os problemas de Bush o perseguiram até uma reunião internacional aqui” – é essa passagem, que realmente diz tudo o que você precisa saber sobre os manifestantes e os sentimentos que os motivam:
Como o Sr. Chávez falou, ele foi interrompido por cânticos da multidão zombando de Bush. Todas as menções de Fidel Castro, em contraste, foram animadas, assim como referências frequentes do Sr. Chávez ao desejo de unir toda a América Latina em uma nova onda de socialismo. . . . .Os milhares de manifestantes levaram bandeiras chamando o Sr. Bush de “fascista”, “assassino infantil” ou “besta genocida”, alguns com os “s” em seu nome substituídos por um sinal de dólar ou uma suástica.
Fidel Castro foi um dos ditadores mais repressivos e assassinos do mundo nos últimos 40 anos. Será que é realmente um “problema” para Bush ter uma multidão que adora Castro estar protestando contra ele? Somente nos olhos de repórteres preguiçosos e estúpdos, essa multidão afirmativamente pró-Castro e seu comportamento seriam vistos como algo significativo, com credibilidade e nobre.
UPDATE II: As fotografias da manifestação dizem muito sobre o quê realmente aconteceu e sobre a verdadeira natureza odiosa e os pontos de vista autoritários desses “manifestantes”.
____________
publicado por Glenn Greenwald | 11:57 Sexta-feira, 04 de novembro de 2005
Tradução: São Paulo, 28 de janeiro de 2018
Dica do texto do Sr. Greenwald enviada pelo escritor e jornalista da Carta Capital Antonio Luiz M.C. Costa (@AluizCosta) – grata pela dica.
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Eita porra!  https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/fcb/2/16/1f631.png
Já se imaginava algo parecido, mas com confirmação de dentro… puts!
Em tempo: pra mim o mais provável é que o Glenn Greenwald seja bem intencionado, pensando que pode agir como “agente duplo” e ajudar, por vezes, o “lado de cá” com os meios do “lado de lá”.
Mas qual é o saldo líquido?
O pessoal que assina o cheque é tudo menos burro. E não acende charuto com nota de USD 100.00.

“Compreendemos” fio de navalha editoral sobre qual dança @TheInterceptBr, em vista da origem do endowment que o criou (bilionário próximo de agências de inteligência americanas) vs. nicho editorial esquerda-identitária/”psolismo difuso” (“para-oficial”)/ Praça São Salvador/ Laranjeiras/ RJ (reduto da galerinha “prafrentex” “lacradora”).
Mas manchete “global”, nada sutil, querendo fazer “viúvas” – precoces! – a chorar num (almejado?) “funeral de Lula”? 🤔
Difícil unir “esquerdaS”/ e tal blogosfera “progressista”!
PS: Sobrou até pra Requião, Wellington Calasans, que foi quem mais fez individualmente pela defesa de Lula! Frase pinçada, fora de contexto, manchetada: “Lula errou ao se relacionar com empreiteiras” (!)
PPS: Estado policial – A hora de ir à forra: em vez de usar exemplo que traz atenção do Brasil e do mundo a favor da universalização do Estado de direito para todos, vamos espizinhar com a universalização do arbítrio!
PPPS: depois de dar espaço para representantes de correntes rivais do PT que nunca conseguiram se viabilizar internamente, não há muita sutileza na referência a “quem era o Lula preso de 1980?”. Não precisou nem complementar com “quem é o Lula preso de 2018”, porque, afinal, até álbum de fotografias de necrológio já tem (!)

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“Eu ADOREI!”
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Não é todo dia que dão um “C.Q.D.”, assim, de graça!
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O @TheInterceptBr corrige SINCERICÍDIO q cometera, espizinhando condenação de @LulapeloBrasil.
No original dissera q "jornadas de 2013" foram"contra o PT": VDD!
Art. pegou mal. Eu msm critiquei.
Então veio"correção": foi p/"20 centavos" msm! (rs)@GringaBrazilien @stanleyburburin
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E com o apoio à doutrina Bush, né, @GringaBrazilien? Que bom que depois ele se tornou esquerdista, né...
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Delatora do FBI fala sobre Pierre Omidyar e sua campanha para neutralizar o WikiLeaks19/1/2018
Mint Press News
(Link para o original em inglês aqui)
A delatora do FBI Sibel Edmonds afirma que (o bilionário) Pierre Omidyar (dono do eBay e do PayPal) decidiu criar o The Intercept não somente para se apropriar dos vazamentos de Snowden, mas também para levar adiante o bloqueio contra o WikiLeaks e ainda criar uma isca para atrair (novos) vazadores/ delatores.
WikiLeaks, a organização de transparência conhecida por levar ao público documentos vazados que ameaçam o interesse dos poderosos, se encontra sob pressão como nunca antes, assim como seu editor-chefe, Julian Assange. Agora, a luta para silenciar o WikiLeaks não está sendo travada por figuras poderosas do governo, mas pela mídia alternativa e organizações que declaram trabalhar para proteger os informantes.
Como essa reportagem em três partes pretende demonstrar, essa mídia alternativa e organizações estão sendo titereadas por interesses específicos, e não o interesse do público que dizem servir. A parte I foca na Freedom of the Press Foundation, The Intercept, e a oligarquia que tem influenciado ambas as organizações em sua longa batalha para silenciar o WikiLeaks.
Meados de Novembro de 2017 – O Daily Beast faz uma reportagem exclusiva detalhando como a Freedom of the Press Foundation (PFP) tinha decidido romper os laços com o WikiLeaks em meio à preocupação da direção da Fundação, que inclui figuras conhecidas como Daniel Ellsberg, Edward Snowden, Laura Poitras, John Cusack e Glenn Greenwald, entre outros. Essas notícias foram confirmadas menos de um mês depois , quando os conselheiros votaram oficialmente para parar de aceitar doações norte-americanas para o WikiLeaks, as quais vinham sendo bloqueadas por anos pela Visa, Mastercard e PayPal depois da publicação de documentos do governo dos EUA vazados por Chelsea Manning.
Embora a FPF tenha sido fundada para permitir que o WikiLeaks pudesse driblar o bloqueio bancário – o qual, segundo o WikiLeaks, sugara 95% dos seus fundos – a decisão do Conselho de terminar a missão da fundação fora unanime.
No último domingo, a FPF tornou oficial, rompendo laços com o WikiLeaks e deixando a cargo de moedas digitais criptografadas e outros meios muito específicos de financiamento a tarefa de romper o bloqueio bancário. O jornalista Trevor Timm, diretor da FPF, informou a Assange por meio de um e-mail, que a razão do fim da parceria por parte da fundação seria “que o bloqueio do financiamento da maior parte do financiamento não está em vigor e, portanto, em breve iremos interromper o processamento de doações dos leitores de WikiLeaks.”.
“A censura financeira do WikiLeaks acontece de várias maneiras, da mesma forma como respondemos a ela,” Assange respondeu a Tim, adicionando que:
“A FPF enfrenta críticas por receber doações em nosso nome, mas essa era sua função. Se ela se curva a pressão política, se torna parte do problema que ela havia sido criada para resolver e ainda vira uma falsa organização pela liberdade de expressão – das quais o mundo está cheio.”
Assange tornou pública a conversa por meio de seu Twitter pessoal, mas apagou depois.
Na verdade, a pressão contra o WikiLeaks alcançou o ponto de fervura, quando o Advogado-Geral da União Jeff Sessions pediu prioridade à prisão de Assange e o diretor da CIA Mike Pompeo o classificou como um serviço de inteligência hostil não estatal. Na última quinta-feira, o ex-analista da CIA e delator John Kiriakou declarou que acredita que “os americanos querem a cabeça de Assange em uma bandeja”. Tudo isso se seguiu a publicação do WikiLeaks dos e-mails de Podesta e os vazamentos do DNC, em 2016, antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, bem como suas mais recentes publicações sobre os segredos de hack da CIA nas publicações “Vault 7” e “Vault 8”.
WikiLeaks fora da ilha investigativa
Apesar da explicação de Tim ser boa o suficiente, WikiLeaks foi ao Twitter sugerir que algo mais nefasto estaria por trás da decisão da direção de cortar os laços. Uma vez que as notícias vieram a público, WikiLeaks e suas contas associadas ligaram a decisão da FPF ao fato de muitos dos seus membros agora trabalharem para organizações financiadas pelo proprietário bilionário do eBay e PayPal Pierre Omidyar. E ainda, FPF recebeu grandes quantias de dinheiro de Omidyar e seus vários negócios e fundações.
WikiLeaks, em recentes tuites, tem sugerido que a influência de Omidyar foi responsável não somente pela decisão da FPF, mas pelos incomuns ataques que alguns membros da FPF têm lançado contra WikiLeaks, particularmente contra Assange, nos últimos meses. O mais proeminente desses membros tem sido o diretor da FPF, Micah Lee, que é empregado de Omidyar no veículo The Intercept.
Em fevereiro do ano passador, Lee chamou Assange de “estuprador, mentiroso e aliado de fascistas” em um tuite – a despeito do fato de Assange nunca ter sido acusado de estupro, seus supostos acusadores afirmam que Assange não os atacou sexualmente, e há muitas evidências sugerindo que a investigação de estupro foi um meio de complicar Assange e garantir sua extradição aos Estados Unidos. Baseado em outros tuites de Lee, a acusação de “aliado de fascistas” se refere a sua crença que as publicações do WikiLeaks do DNC e do chefe de campanha de Hillary Clinton, John Podesta, foram feitas explicitamente, com anuência de Assange, para ajudar a campanha de Trump.
Lee também chamou Assange de “moleque do Putin” que não liga para “transparência governamental se o governo em questão é russo”, apesar do WikiLeaks ter publicado informações danosas ao governo russo enquanto Putin era presidente. Lee ainda insinuou que Assange possa ter um relacionamento direto com o Kremlin, uma acusação bizarra sem pé nem cabeça.
Lee, em outros tuites, tem perpetuado a conspiração do “Russiagate” na tentativa de ligar Assange, Trump e Putin.
Essa mesma teoria da conspiração, que não demonstrou nenhuma evidência concreta que a suporte depois de mais de um ano, foi iniciada no alto escalão de funcionários do governo, como o ex-diretor do National Intelligence James Clapper e o ex-diretor da CIA Michael Morell, entre outros.
Membros do FPF e outros colaboradores do The Intercept têm ecoado essas afirmações e atacado Assange por este supostamente ter tomado partido de Trump contra Clinton nas eleições de 2016, apesar de Assange nunca ter declarado apoio a Trump. Ironicamente, muitos desses mesmos jornalistas provaram ser muito partidários em seus escritos e redes sociais, contradizendo a afirmação de Lee e outros que a FPF não tem partido.
Sibel Edmonds, delatora do FBI e fundadora do National Security Whistleblowers Coalition, contou a MintPress News que a FPF tem a reputação de ser “uma organização muito, muito partidária e povoada de ideologia”. Ela afirmou ainda que a “razão número um” para a decisão da FPF estava diretamente relacionada às publicações do WikiLeaks em 2016, ou seja, os vazamentos DNC e os e-mails de Podesta.
Edmonds acrescentou:
“Assange violou as regras deles e eles estão dando o troco. Todos esses indivíduos [na FPF] são conhecidos pelos seus posicionamentos, estão dentro desse jogo para dividir e conquistar. Sua função é representar a esquerda e Julian Assange desafiou isso. Antes das eleições, muitos dos membros dessa organização apoiavam Assange. O mais importante é perguntar, o que mudou do dia pra noite.”
A despeito da calúnia e das falsas acusações, outros membros que historicamente haviam defendido WikiLeaks e Assange silenciaram a respeito das acusações de Lee, incluindo Glenn Greenwald, Daniel Ellsberg e Edward Snowden. Apesar dos membros da FPF terem negado que a influência de Omidyar tenha relação aos ataques, bem como com a decisão de cortar os laços com WikiLeaks, um olhar de perto sobre Omidyar e sua conexão com o establishment politico norte-americano – bem como sua influência sobre alguns dos membros mais proeminentes da FPF – dá credibilidade às preocupações do WikiLeaks.
Conexões e agenda de Omidyar.
Pierre Omidyar, antes de fundar o The Intercept, não era conhecido por nenhum envolvimento com jornalismo ou liberdade de expressão, mas por suas conexões com o governo dos EUA e sua função no bloqueio financeiro ao WikiLeaks, que começou em 2010.
Em verdade, os registros púbicos disponíveis revelam as relações próximas entre ele e o establishment político norte-americano. Por exemplo, entre 2009 e 2013, Omidyar fez mais visitas a Obama na Casa Branca, que Eric Schmidt da Google, Mark Zuckerberg do Facebook ou Jeff Bezos da Amazon. Ele doou trinta milhões de dólares a fundação Clinton Global Initiative. Ele investiu diretamente, junto com o Departamento de Estado, no financiamento de grupos – alguns deles abertamente fascistas – que trabalharam para derrubar o governo democraticamente eleito da Ucrânia, em 2014. Ele continua a financiar a USAID, particularmente seu programa focado em “questões de segurança nacional dos EUA” no estrangeiro.
Omidyar tem um grande interesse em alavancar os interesses do establishment político norte-americano por variadas razões. Sibel Edmonds, uma das primeiras a notar o interesse de Omidyar por trás da fundação do The Intercept, notou que o executivo da PayPal era “unha e carne” com a CIA, a NSA e até mesmo o Departamento de Defesa – vale lembrar que os documentos de Snowden em poder do The Intercept, e de Omidyar portanto, “contém informações sobre a parceria direta entre a PayPal, não somente com o Departamento do Tesouro, bem como com a CIA”.
Edmond ainda ressalta que Greenwald confirmou a parceria de longa data entre Omidyar, a CIA e outras agências do governo, durante uma acalorada troca de tuites entre os dois, em 2013.
Omidyar é também bem relacionado com Booz Allen Hamilton, ex-empregador de Snowden, cuja empresa contratada pelo governo é conhecida como uma das “mais bem sucedidas organizações de espionagem” e que contou com o trabalho de James Clapper, ex-diretor do National Intelligence, e Michael McConnel, ex-diretor da NSA. Um dos fundos de capital de Omidyar, a Ulupono Initiative, que opera em seu estado natal no Havaí, ajudou a patrocinar uma feira de exposição de uma das contratadas do governo, na qual Booz Allen Hamilton – e o departamento de defesa – têm a maior fatia. Além do mais, um ex-vice-presidente de Booz Allen Hamilton, Kylie Data, é sócio da Ulupono Initiative.
Foi recebida com espanto, em 2015, a decisão de Omidyar de aceitar Robert Lietzke (o ex-chefe da Snowden na Booz Allen Hamilton) no programa Omidyar Fellows, depois de entrevistar pessoalmente a Lietzke como parte do processo de inscrição do programa. O que era incomum no caso de Lietzke era que Omidyar supervisionava o The Intercept, que por sua vez tinha os direitos sobre o conteúdo Snowden – os quais haviam sido tomados, debaixo do nariz de Lietzke, pelo seu antigo empregado da Booz Allen Hamilton, Edward Snowden. O próprio Snowden permaneceu em silêncio sobre a decisão de Omidyar, e embora tenha parecido confuso com a situação continuou como presidente da FPF – a qual, como mencionado, fora fundada por Omidyar.
The Intercept foi fundado em 2014 com algo em torno de duzentos e cinquenta milhões de dólares de capital inicial, vindos de Omidyar. Suas primeiras contratações foram Glenn Greenwald e Laura Poitras, os únicos jornalistas em posse de todo o conteúdo de Snowden. De acordo com antigos colaboradores do The Intercept, Omidyar – embora tenha fundado e fomentado uma empresa dedicada ao jornalismo destemido e de contraponto – parece estar muito (des)interessado no jornalismo ordinário. Se esse relato do interesse de Omidyar – ou ainda, sua falta de interesse – no jornalismo for preciso, então é estranho que ele tenha criado organizações – como a FPF, o Center for Public Integrity e ProPublica – ostensivamente dedicadas ao jornalismo investigativo, transparência, e a Primeira Emenda.
A suposta dedicação de Omidyar é também difícil de alinhar ao fato que ele e a PayPal foram a maior parte do bloqueio financeiro contra o WikiLeaks, o qual – conforme mencionado acima – restringiram 95% do que fora doado no período. Apesar de Omidyar – e agora a FPF – terem argumentado que o bloqueio fora levantado, WikiLeaks discordou publicamente, sustentando que o bloqueio continua efetivo. Curiosamente, enquanto Omidyar afirmava que o bloqueio tinha terminado, a FPF – ao mesmo tempo – discordava publicamente de suas afirmações e afirmava que o bloqueio permanecia em total efetividade.
Omidyar, no passado, foi bastante sincero ao manifestar opinião sobre quem vazava informações. Ele afirmou, em 2009, que as organizações que publicam informações roubadas ou vazadas “devem ajudar a pegar o ladrão” e não devem publicar essas antes disso. Omidyar até mesmo defendeu essa visão após a fundação do The Intercept e recusou-se a falar em “absoluto” sobre se uma fonte deveria ou não ser revelada – uma perspectiva preocupante para ter, especialmente à luz do fracasso do The Intercept no caso do Reality Winner.
O que o levou a criar o The Intercept poucos anos depois de fazer aquelas declarações? Observadas as conexões de Omidyar com o Governo dos EUA, particularmente a NSA, e as mais importantes contratadas do Governo, incluindo o antigo empregador de Snowden, parece como um esforço de privatizar e assim interromper ou tornar mais lenta publicação dos vazamentos de Snowden, nos quais a PayPal está obviamente implicada – e não uma mudança repentina de ideia.
Edmonds vai além:
“The Intercept é a continuação do bloqueio (ao WikiLeaks). Foi criado com esse propósito, Especificamente, foi criado para bloquear a verdade e apresentar uma narrativa previamente aprovada por determinados interesses, incluindo o governo dos EUA. Isto faz todo o sentido, quando Omidyar sai do que era e passa a montar organizações novas com uma roupagem de jornalismo investigativo baseado em vazadores/ delatores.”
A fina linha entre curatela e censura.
A visão de Omidyar sobre vazamentos e vazadores parece ter influenciado as opiniões de alguns dos mais proeminentes membros da FPF. Por exemplo, Glenn Greenwald, em seguida das publicações dos e-mails de Podesta, sugeriu em uma conversa com Naomi Klein que os e-mails deveriam ter sido filtrados, anteriormente a sua publicação, de maneira a prevenir a divulgação de informações pessoais potencialmente sensíveis. Especificamente, Greenwald afirmou: “Eu acho que o WikiLeaks está, em certa medida, sozinho em acreditar que esse tipo de despejo de informações é ético – sem pensar jornalisticamente – somente ético, como ser humano, justificável.”.
A ideia de curatela na publicação de documentos vazados é ridícula. Muito embora a privacidade seja importante, é altamente problemático deixar para uma pessoa a atribuição de decidir o que é, ou não, de interesse público. Curatela sobre vazamentos dá àqueles que estão na posse de documentos, o poder de decidir sobre o que o público vai ver, ou não, ao invés de outorgar as pessoas o direito de decidir o que é relevante. Na maioria dos casos, encontrar o equilíbrio seria um desafio, mesmo para o mais ético curador. Tal poder pode facilmente ser abusado e usado para esconder informações chave contidas nos vazamentos ou esconder contextos cruciais.
Por exemplo, no caso de Chelsea Manning, o jornalista Kevin Poulsen publicou parte das conversas entre Manning e o ex-hacker Adrian Lamo nas quais Manning supostamente admite ter dado documentos vazados ao WikiLeaks. Contudo, Poulsen publicou somente um quarto das conversas, alegando que não divulgara tudo por conter informação pessoal e segredos de segurança nacional – preocupações deixadas de lado na divulgação dos e-mails de Podesta e no caso DNC.
Sim, a informação que Poulsen escolheu não publicar continha um contexto crucial e mostrava que Manning vazava os documentos para estimular reformas e informar o público – não “paralisar as relações externas dos Estados Unidos no futuro próximo”, como Lamo havia sugerido em entrevistas antes da divulgação versão completa das conversas. Ironicamente, foi Glenn Greenwald quem criticou publicamente Poulsen por mau jornalismo.
No entanto, Poulsen estava somente cuidando da informação, como lhe parecia caber – embora com o objetivo de proteger Adrian Lamo, seu associado de longa data. Três anos depois, Greenwald se encontrou em posição similar a de Poulsen quando ele teve posse dos documentos de Snowden e se tornou o curador de sua coleção. Agora, aproximadamente, quatro anos depois de receber esse conteúdo, menos de dois porcento de uma estimativa de cinquenta e oito mil arquivos foram tornados públicos. Se a divulgação continuar nesse passo de formiga, a maior parte dos que leem esse artigo estará morta quando o conteúdo de Snowden for tornado público.
Talvez seja por isso que Greenwald, a despeito de Possuir centenas de milhares de documentos secretos do governo recebidos de Snowden, ele possa ir e voltar aos EUA sem problemas. Edmonds apontou para isso, dizendo que “depois que Greenwald trabalhou com tantos informantes e, embora tenha tecnicamente ‘ajudado e estimulado’ este suposto vazamento ilegal e importante, ele permanece intocado. Ele pode ir e voltar [dos EUA] como bem quiser.” Ao mesmo tempo, Julian Assange tem permanecido detido arbitrariamente na embaixada do Equador, em Londres, por sete anos, incapaz de sair.
Também é preocupante que Snowden – o homem que ostensivamente arriscou sua vida e liberdade para tornar esta informação pública – não tenha oferecido nenhuma queixa sobre o ritmo glacial da liberação dos documentos, nem sobre o fato de Omidyar ter se apropriado dos vazamentos através do The Intercept.
O ex-analista de inteligência da NSA e oficial de operações de capacidades Russell Tice disse uma vez o seguinte em relação à posse das informações de Snowden pelo The Intercept:
“Eu ficaria indignado e todos saberiam o quanto se estivesse no lugar de Edward Snowden. Para um jornalista no qual eu depositei minha confiança reter documentos destinados ao público?! Para o jornalista fazer fortuna e fama com base em meus sacrifícios e descobertas?! Formando uma lucrativa parceria comercial com entidades que têm conflitos de interesse diretos?! Não. Isso não teria sido aceitável.”
É possível que o próprio Snowden possa aprovar o que significou a censura desses vazamentos, como também pediu a “curatela” de material vazado após o lançamento dos e-mails Podesta. Não surpreendentemente, isso provocou uma resposta forte do WikiLeaks.
Enquanto Edmonds acredita que Omidyar provavelmente tenha fundado The Intercept para reprimir os vazamentos de Snowden, antes que eles pudessem causar mais danos ao governo dos EUA – ou a seus próprios negócios – outro fator motivador pode ter sido o desejo de continuar sub-repticiamente seu bloqueio contra WikiLeaks, mas por meios diferentes e mais facilmente escondidos.
Omidyar certamente não é o único bilionário do PayPal envolvido em esforços para minar e desacreditar o WikiLeaks. Como a parte II desta série de investigação mostrará, Peter Thiel – um cofundador do PayPal com laços íntimos com a administração Trump – também esteve envolvido na criação de um “plano de ataque” que busca minar o WikiLeaks através de uma campanha midiática de desinformação e trabalhando para transformar os antigos aliados do WikiLeaks em seus inimigos. Dada a recente decisão da FPF e os ataques lançados contra WikiLeaks pelos colaboradores do The Intercept, este plano parece estar bem encaminhado.
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Correção: uma versão anterior deste artigo afirmou que Pierre Omidyar é cofundador do PayPal. Embora não tenha fundado o PayPal, ele o adquiriu quando o eBay comprou o PayPal, em 2002.
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Whitney Webb é colaboradora da MintPress News. Ela tem escrito para várias organizações de notícias em inglês e espanhol; suas histórias foram apresentadas no ZeroHedge, no Anti-Media e no 21st Century Wire entre outros. Atualmente reside no sul do Chile.

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Traduzido livremente por Marcio Freire, Mestre em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e com trabalhos relacionados à expansão do poder norte-americano no Brasil por meio da implantação e difusão de redes técnicas.

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