Haja sabedoria! De cima para baixo, no sentido horário: Espinoza, os gregos, Maquiavel e... o PRETO VELHO, claro!!
Sabedoria: "MARIA" - leitora xodó e guru do blog - e os posts da semana
Por Maria
[Romulus:
Ou seja: colocando um pouco de ordem no meu "caos"... (rs)]
Quando o meio de campo da disputa política embola demais, fica difícil
ter alguma visão de conjunto sem passar pela miríade de notícias que dão conta
de uma realidade que se estilhaça em mil fragmentos. A reação à disputa entre o
Judiciário e o Congresso se desdobrou quase em confronto aberto com a Lava Jato
em pessoa (Moro) na discussão preliminar a uma lei de responsabilidade, que
contou não só com a oposição da esquerda (senador Lindbergh) como do próprio
Judiciário representado por... Gilmar Mendes (!). Como assim? Ele não é
"o" juiz do PSDB? Sim, e está lá para blindar os amigos, agora que a
Lava Jato, com a delação da Odebrecht, se aproxima perigosamente deles. Após o
impeachment e o desgaste do PT, a operação "contra a corrupção" se
tornou desnecessária, não só para os corruptos confessos do Congresso, mas
também para os "inimputáveis"?
Este é o fulcro do artigo, complexo e pos-modernamente
multi-fragmentado, de Romulus, que procura cercar os múltiplos elementos
envolvidos neste momento crucial da crise do governo golpista e a perspectiva
do golpe no golpe.
E, como bom economista [Romulus: advogado! Que estudou Economia por alguns anos e se especializou em direito econômico internacional] - contando além do mais com leitores tão excelente como ele - Romulus nos lembra que, num projeto político neoliberal, o deus Mercado é quem, de fato e em última instância, dá as cartas. Dois anos de recessão já não são suficientes? Então - depois de apoiar o golpe do impeachment - que se troque o gestor do golpe, no golpe do golpe.
E, como bom economista [Romulus: advogado! Que estudou Economia por alguns anos e se especializou em direito econômico internacional] - contando além do mais com leitores tão excelente como ele - Romulus nos lembra que, num projeto político neoliberal, o deus Mercado é quem, de fato e em última instância, dá as cartas. Dois anos de recessão já não são suficientes? Então - depois de apoiar o golpe do impeachment - que se troque o gestor do golpe, no golpe do golpe.
Fora Temer! Que venha a verdeira elite, "cavalo" do Mercado, o
PSDB! Embora, idealmente, o melhor mesmo seria... não haver...políticos (!),
essa classe instável que depende... do voto ainda mais instável... do povo,
representação da soberania popular! Portanto, que se demonizem os políticos e
se esvazie de vez a política... pois então será possível ter no
"governo" a elite "meritocrática" dos concursados, juízes e
procuradores... que não atrapalharão o jogo do capital financeiro! Não por
acaso Joaquim Barbosa volta aos noticiários e, em defesa de Moro, os coxinhas
preparam nova manifestação na Paulista nesse fim de semana!
Complicado, não? Mas é contra esse pano de fundo que se deve entender o
ultimato dado a Temer pelo PSDB para que se revise a política econômica, o que
por sua vez leva o próprio Temer à "ameaça" de renunciar - o que a
esquerda passa logo a exigir, pois daria lugar à convocação de eleições diretas
- e enfim o próprio FHC a "defender" novas eleições (!). No outro
lado, procuradores que "ameaçam" deixar a Lava Jato, o próprio juiz
preparando-se para gozar um ano sabático nos USA (!), assim que
"acabar" a famigerada operação - estaria tão perto assim o seu fim?
Nisso tudo, o Judiciário, em retaliação ao Congresso, julgando um
processo engavetado por mais de 7 anos, torna réu o seu presidente, Renan
Calheiros, enquanto a direita, no rastro de uma decisão do ministro Barroso
sobre descriminalização do aborto, parte em campanha pela defesa da vida, que
logo deverá tornar-se uma "PEC do feto" ou algo que o valha.Seria
"ingenuidade" do ministro do STF abrir tal polêmica, verdadeira
cortina de fumaça a embaralhar o cenário dos múltiplos confrontos?
Enfim, este é o panorama.Não
desanimem com as idas e vindas de Romulus, e ao menos divirtam-se com sua
ironia e seu humor... Boa viagem pela floresta densa do texto e do caos do
momento na política nacional.
*
Querem saber, minuto a minuto, como foi
ontem o espetacular confronto do Congresso com os iluminados procuradores da
Lava Jato? Romulus faz o inventário completo do cenário e dos atores e ainda
acrescenta, além da narrativa paralela das "figurinhas" que saem de
sua imaginação flamejante, de seu humor e ironia, os comentários de alguns de
seus leitores de excepcional competência.
É um trabalho insano e de urgente necessidade.
Porque se trata de desmontar o discurso do moralismo rasteiro que a direita e a
mídia transformaram em senso comum - envenenando com um ódio irracional a
"opinião pública" - e confrontá-lo com a realidade do jogo político
bruto que se esconde por trás do "combate à corrupção". Diante do
resultado da votação do Congresso, muitos - até uma tia de Romulus! -
perguntam: 'Você quer que eu acredite que os bonzinhos são esses
corruptos?!". Não. Não é disso que se trata. O que é necessário é mostrar
a diferença entre o poder de quem o exerce como direito derivado da soberania
popular, segundo a Constituição, e dos que pretendem impô-lo graças a um
concurso público que os torna servidores do Estado e não usurpadores de funções
que não lhes compete exercer.
O Congresso está cheio de canalhas?
Seguramente! Mas se os procuradores e os demais membros do Judiciário quiserem
ocupar também o Legislativo e o Executivo - ao invés de manter sob chantagem,
com a faca no pescoço, os dois outros poderes da República - que se filiem a um
partido, concorram a eleições e então, ungidos pelo poder do voto popular,
poderão entregar-se de corpo e alma à tarefa de "moralizar" o país.
Até lá e preciso continuar a dizer NÃO à sua mal disfarçada ditadura, a serviço
do capital financeiro, de interesses internacionais e de uma vergonhosa elite
da Casa Grande que quer reduzir o país à condição de colônia e restaurar a
Senzala onde voltar a confinar o povo brasileiro.
*
[Romulus: esse, "Maria" deixou passar! Im-per-do-á-vel!]
*
Numa série de artigos, Romulus vem
explorando os desdobramentos da inesperada renúncia do ministro Marcelo Calero,
que saiu do governo golpista atirando pra todo lado. Desconfiado desse súbito
ataque de moralidade, foi explorar seus bastidores e a estranha sincronicidade
desse evento com o acirrado debate em torno da anistia ao caixa 2, no momento
em que está para ser votada no Senado a PEC 55.
O resultado é uma análise surpreendente,
uma reviravolta na percepção da "opinião pública". O próprio Romulus
comenta:
Grampo de Calero +
articulação contra Temer:
- Você soube antes
aqui! Rs
Oh, meu Pai!
Por que não sou afeito
à jogatina??
Há tantos cassinos
aqui na Suíça...
Por que nunca entro
neles??
Depois de hoje, esta
Cassandra que vos fala - de novo, gente! - vai reconsiderar...
E eu acrescento uma observação algo
filosófica. "O bom senso é a coisa melhor distribuída do mundo, pois cada
um acredita ter suficiente..." Pois é, Descartes tinha razão. Quando o
oligopólio mediático convenceu a opinião pública de que o maior mal do Brasil
(esquece a saúva, a desigualdade social) é a corrupção, e isso se converteu em
senso comum, logo tomado por "bom senso", aí pensar política parece
puro contra-senso!. Porque ela foi dominada pelo frenesi moralista que quer
vingança e o sangue do inimigo, como a Rainha da Alice no País das Maravilhas
que gritava: "Cortem suas cabeças! Os políticos são todos culpados, todos
ladrões!" Isso é o que sustenta o acirrado debate sobre a anistia do caixa
2.
Trata-se da épica batalha entre, de um
lado, os que são contra a sua aprovação - os políticos "puros" (e os
oportunistas e os inocentes úteis), que se somam ao consórcio mídia/ Lava-Jato/
Judiciário/ PF/ MP/ Sérgio Moro - e, de outro, os "canalhas" do
Legislativo e de quase todo o governo golpista, que derrubaram uma presidenta
legitimamente eleita. E nesse melê poucos percebem que a vitória da "ética",
com a destruição final do sistema político - que será acelerada pela delação do
fim do mundo da Odebrecht - acabará por completar a judicialização da política,
com a entrega do poder, por eleição indireta, ao único partido
"impoluto" e até agora mantido como inatacável pela Lava Jato - o
PSDB de FHC! E alguém duvida que nesse Novo Estado (não confundir com Estado
Novo) enfim purificado a PEC 55 será aprovada e fielmente executada?
*
Diante dos impasses
insustentáveis da crise política atual, dois juristas retornam às leis, da
Carta Magna aos códigos de ética que regem as duas casas do Congresso, para
mostrar a ilegalidade e ilegitimidade em que se arrastam a política brasileira
e suas instituições desde o processo de impeachment da Presidenta Dilma
Rousseff. Por isso pedem que se desate o nó górdio pela única forma de real
legitimação do poder num Estado democrático de direito: a expressão da
soberania popular mediante um plebiscito preliminar. Consulta-se o povo
soberano a respeito de uma nova votação para a Presidência da República e o
Legislativo, após a cassação de seus titulares atuais, até que se complete o
seu mandato ou, alternativamente, a antecipação das eleições gerais de 2018.
Por certo, a medida, que
necessita aprovação prévia do Congresso, sofrerá duríssima oposição por parte
daqueles hoje envolvidos no consórcio do golpe 2.0, até porque parte deles - os
políticos - são os destinatários diretos da proposta e teriam seu mandado posto
em cheque, caso ela fosse aprovada. Entretanto, a oposição maior virá, sem
dúvida, dos demais parceiros do consórcio, o oligopólio mediático e o conjunto
das instituições do Judiciário - PGR, MP, MJ, PF e, naturalmente, a Força
Tarefa da Lava-Jato - além do consórcio dos interesses a que servem -
rentistas, a banca, empresas e interesses internacionais. São eles os maiores
beneficiários do golpe no golpe.
É, sem dúvida, uma proposta
que vem em momento mais que oportuno, pois, segundo Renato Rovai, experiente
analista político,
"... se Temer vier a
cair no meio desse escândalo, o que “se vayan todos” ganhará as ruas de maneira
irreversível. E agora ou em março do ano que vem umas eleições gerais pode
acabar sendo a única saída para o país.
Mesmo que Temer não cai
este ano, as eleições indiretas parecem a cada dia ser a solução menos
possível. Ela teria imensa oposição das ruas."
É preciso ajudar a divulgar
a proposta, torcendo para o seu êxito. Que venha a nova campanha por Diretas
Já!
*
[Romulus: acreditam que ela também deixou passar esse aí? Justo o que me deu mais prazer de escrever... não porque o relato não fosse também de tragédias e farsas na repetição da História, mas porque - por um dia... um sábado de manhã! - me foi permitido sair da crônica do varejo do (atual!) golpe. Tsc, tsc, tsc, "Maria", "Maria"...]
*
Um relato verdadeiramente aterrorizante que, da Suíça,
o carioca Romulus faz da situação do Rio de Janeiro, vista da perspectiva
"esclarecida" de um ex-colega de profissão, advogado com quem
trabalhou antes de ir para a Europa. Aí se somam a violência policial sem
controle e a total alienação da classe média, que compra sem crítica a versão
da política veiculada pelo oligopólio da mídia. E tudo isso em benefício de uma
elite inteiramente alheia à sorte da classe média, dos policiais e,
naturalmente, às consequências desse desastre na vida do povo.
É difícil dizer o que horroriza mais. A filmagem da
ação policial numa favela é tão tenebrosa que me lembrou a de um dos primeiros
vazamentos para o Wikileaks, acho que de Maning, de um helicóptero bombardeando
no chão pessoas que haviam escapado dos tiroteios nas ruas. Em plena guerra, no
Iraque ou no Afeganistão, nem dá pra lembrar, tão igual é a barbárie.
*
Romulus:
Milton é tucano... mas não significa que não possa acertar em outros campos:
Excelente apresentação da Maria, que acompanha com a gente, com o coração na mão, as impressionantemente lúcidas análises e denúncias do Romulus. Que venham as diretas para que haja um mínimo de legitimidade nesse absurdo que se tornou a condução da política do país.
ResponderExcluirFascinante!
ResponderExcluirSe a matéria do Romulus era boa, ficou melhor ainda com a capacidade de análise da Maria!
ResponderExcluirEsclarecedor!