Fritura No. 2: Ilan Goldfajn. Quem cai antes? Meirelles ou ele? (aliás, quem dos três, né?)
Por Ciro
Estou lendo um livro do Michael Hudson chamado
"Killing the Host: How Financial Parasites and Debt Bondage Destroy the
Global Economy". Recomendo a compra, é baratinho.
O livro é uma narrativa mais popularizada de seu
trabalho fascinante. Como afilhado (literalmente, trata-se de seu padrinho de
batismo) de Trotsky e que trabalhou como economista chefe do Chase Manhatan,
ele descreve bastante bem mudanças nas próprias estruturas dos entes
financeiros. Antigamente, ele diz, havia dois tipos de economistas nos bancos -
aqueles que pesquisavam a realidade e aqueles que serviam de relações públicas.
Hoje em dia só há os segundos.
Aí entra a grande questão. O mercado vendeu para a
classe política, mídia e para boa parte da população a ideia de que, tirando a
Dilma e sinalizando as reformas do ajuste a economia ia se recuperar. Parecendo
ignorar que o Levy já tinha tentado isso um ano atrás, resolveram dizer que o
remédio não funcionou porque o médico não estava acreditando que funcionaria.
Resultado, tirou-se a Dilma - faz-se o ajuste.
Aprova-se a PEC (que nada mais é do que a garantia ao mercado de que uma dívida
que não pode ser paga será paga - coisa que qualquer um que já trabalhou num
banco sabe que é impossível - uma dívida que não pode ser paga não será paga.)
A economia não se recupera. A instabilidade política permanece - decorrente
tanto da lava jato quanto da falta de recuperação econômica (e as duas coisas
são paralelas, não haverá uma sem o fim da outra).
O pior disso tudo é que existia muita gente achando
que daria certo. Estes estão mais perdidos do que cego em tiroteio. Aí na hora
em que o barco está explodindo e a deriva todos brigam entre si.
A meta de inflação de 4,5% por exemplo, era
ortodoxamente impossível imaginar que se baixaria dos 10% (culpa da Dilma de
ter reprimido inflação anterior para se reeleger, diga-se de passagem) para
esse nível em prazo de um ano sem uma brutal recessão causada pelo arrocho
monetário e fiscal conjuntos. O BACEN dizia que fazia-se necessário recuperar a
"credibilidade" da autoridade monetária, credibilidade significando
insensibilidade para qualquer outra coisa senão para os índices de preço. Para
isso faz todo esforço para trazer a inflação para o centro da meta em 2017,
mesmo se isso significar o fim do governo atual.
Quando a pessoa que crê numa solução mágica/miraculosa
começa a perceber que tal solução não está vindo, existem duas alternativas -
uns redobram a aposta dizendo que está faltando fé, que a recuperação está ali
do lado, que "deus está nos provando" ou qualquer coisa nesse sentido
- outros tentam descambar para qualquer outro tipo de solução imediata, mesmo
que seja outra solução mágica.
A frigideira está assando, só não se sabe ainda quem
será o prato oferecido - se Meirelles ou Goldfajn. Mas já se sabe que o Armínio
Fraga será o escolhido para redobrar a aposta neoliberal.
Illan Goldisfarsa.
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