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Estado brasileiro na encruzilhada. Já sabemos o que a Globo quer... e você?

Queria poder dizer que criei esta montagem, mas não... recebi de um seguidor no Facebook, como comentário a um artigo anterior. rs ...

4.11.17

"A política adora a traição, mas despreza o traidor", por Roberto Xavier

"A política adora a traição, mas despreza o traidor" - Ulysses Guimarães
Por Roberto Xavier
Faz cada vez mais sentido a frase de Ulisses Guimarães: ''A política adora a traição, mas despreza o traidor.''
Não entendo a surpresa de alguns com essa reaproximação do PT com o PMDB. Em política, uma aliança, assim como um rompimento “definitivo” sempre tem data de validade. Dependendo dos interesses de momento um acordo fechado hoje pode ser esquecido amanhã.
Nicolau Maquiavel afirma em O Príncipe que o governante deve agir segundo a moral sempre que possível, mas deve infringi-la somente quando for isso necessário para a manutenção do poder. A regra, portanto, é a conquista e a manutenção do poder.

Durante muitos tempo muitos resumiram esta passagem com a máxima “os fins justificam os meios” esta lógica de 500 anos serviu, serve e servirá para justificar de pequenos pecados às piores traições. Também é de Maquiavel a seguinte frase: "um senhor prudente, portanto, não pode nem deve cumprir a palavra dada quando tal cumprimento se volta contra ele e as razões que levaram a assumir o compromisso não existem mais". Será?
A traição faz parte do jogo político porque as conjunturas mudam. Na política trair ou realizar acordos inusitados para chegar ou se manter no poder faz parte do jogo.
O ciclo de Governo na política brasileira é dividido em três componentes: o eleitoral, o político e o ideológico. O eleitoral é sempre o mais efêmero. Só existe para ganhar as eleições e tem sempre objetivos periódicos e determinados. O resultado são alianças fugazes entre partidos que nem sempre possuem afinidades programáticas. Tempo de rádio e televisão é moeda de troca em campanhas eleitorais.
Uma vez vencida a eleição a gestão precisa de coligações mais fortes para garantir a governabilidade porque no Brasil, diferentemente do que se pensa, o Presidente governa junto com o Congresso, aliás por aqui chegamos ao ponto de tentar governar contra o Congresso. Cargos e emendas parlamentar são moedas de troca na formação de maiorias.
Nesta fase do ciclo os acordos não podem ser tão rasos, quanto nas eleições. O partido vitorioso precisa fazer alianças. Mantê-las é outra história, mas precisa saber fazê-las usando tudo que estiver ao seu alcance: Ministério é moeda de troca por apoio parlamentar.
É preciso manter a Oposição em posição de isolamento sem, no entanto, tomar-lhe o espaço vital e ampliar a base de sustentação, sobretudo aglutinado partidos que, às vezes, nem aliados nas eleições foram.
Por fim, a ideologia, última integrante, carece de um tempo maior para a consolidação e nem sempre consegue se firmar. No Brasil o fator ideológico é o menos importante entre os partidos.
Na política propriamente dita a engenharia para ganhar as eleições se sobrepõe ao componente ideológico. Com a finalidade de se chegar ao poder todas as alianças político-partidárias são bem-vindas mesmo que tragam alianças para muito além do seu próprio ideário ideológico. O alto grau de personalização política e uma baixa institucionalização dos partidos contribuem para este quadro de instabilidade. É assim há muito tempo e nossa frágil democracia vem demonstrando isso.
Quem não percebe essa fragilidade tende a flertar ora com o populismo ora com o autoritarismo.
Só a insistência e a crença no modelo democrático pode quebrar este ciclo vicioso. Partidos fracos ideologicamente levam a candidatos fortes e personalistas que se tornam populistas ou autoritários. Em qualquer dos casos centralizam em demasia o Poder o que mantem os partidos fracos.
Nada mais coerente de que voltar ao pensamento de Maquiavel, quando diz que “o desejo de conquista é coisa verdadeiramente muito natural e ordinária, e sempre que os homens capazes da conquista a realizam serão por isso louvado e não censurados; mas quando não a podem fazer e desejam fazê-la de qualquer modo, eis que estarão presentes o erro e a censura”.

O Príncipe de Nicolau Maquiavel é leitura obrigatória para qualquer calouro em qualquer curso de Ciência Política que dirá para essas velhas raposas.

(matéria do Estadão aqui)

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Nota do Editor (Romulus):



Entenda mais esta manobra diversionista do cartel midiático em:


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