Pedalada fiscal francesa, implosão do Brasil, Cinema e a era da mediocridade: "caos" diretamente da Cracóvia
Por Romulus
Estou aqui tranquilamente descansando no quarto do hotel na Cracóvia - foto acima... ao lado do "globeleza"; neste mês estou viajando pela Europa Central e do Leste - com a TV ligada no canal de notícias France24*, quando vejo na tarja na parte inferior da tela uma pequena notinha:
- Parlamento francês acaba de aprovar retificação do orçamento de 2016.
(*France24 - a resposta francesa à CNN. Um dia escrevo o porquê de só conseguir assistir ao noticiário em francês hoje em dia. Americanos - e brasileiros - nem pensar!)
Mas peraí...
Como assim??
Falta só uma semana pro ano acabar!
A Dilma ter feito isso no final de 2015 - enviar projeto de Lei ao Congresso revendo a lei orçamentária - não foi uma das causas para o "impeachment"?
Curioso, vou ao google catar a notícia:
E, na sequência, comento no Twitter:
Aqui, a matéria completa no Le Monde:
Notem: a direita acusa o governo de "insinceridade orçamentária".
Ok... é do jogo.
Mas ela não chega a articular um golpe de Estado, não é mesmo?
Talvez porque abril de 2017 - eleições gerais na França - esteja muito mais próximo do que outubro de 2018.
Talvez também porque a esquerda francesa não tenha um Lula como candidato-coringa na manga. Aquele que, por talento individual incomparável, desequilibra o jogo.
Não...
A direita francesa é bem mais esperta e menos afoita que os primos pobres brasileiros:
- Em vez de inviabilizar o governo Hollande no Parlamento com vetos, chantagens e pautas bomba, deixaram a crise econômica e o austericídio de Frau Merkel (igual ao do Joaquim Levy) - bancado via União Europeia - fazer esse servicinho.
Hollande chegou ao final de seu mandato com 8% de intenções de voto caso buscasse a reeleição. Obviamente, desistiu há alguns dias.
Mas a direita brasileira não quis esperar Dilma chegar exangue a 2018.
Não...
- Arriscar uma disputa eleitoral com Lula?
(caso a Lava Jato não o caçasse e cassasse...)
De jeito nenhum!
Tampouco conteve o seu pavor do sapo barbudo a alta probabilidade de que Lula só se candidataria com chances (muito) reais de que iria ganhar - algo longe de ser fato. Mesmo hoje, com a classe média começando a admitir - para si mesma, mas ainda não em público - a grande M. que fez ao dar esteio ao golpe.
Não... (2)
Seguro morreu de velho!
- Melhor implodir a institucionalidade e a democracia de 30 anos (desde 85-88) que tínhamos do que correr qualquer risco, por menor que fosse, de ficar de fora do poder em mais um ciclo eleitoral.
Ademais, o deus Chronos é implacável. Não faz concessões...
Lembrem da exasperação da oscarizada Marisa Tomei em "Meu Primo Vinny" (1992):
- My biological clock is ticking!
Ou seja:
Serra, Aécio, FHC, Alckmin e cia. não estão rejuvenescendo com o passar dos anos, não é mesmo?
O jogo político, para eles, é personalíssimo.
Não pensam sequer em termos de, como se diz na França, "~ família ~ política"...
- ... que dirá então em termos de país!
Tinha de ser com eles mesmos...
... nem que o Brasil e a sua institucionalidade tivessem de ser implodidos no caminho. Como foram.
*
Sobre a implosão inconsequente da institucionalidade brasileira de 30 anos e o austericídio da Frau Merkel, do Levy e do Meirelles/Goldfajn, republico bate-bola com o Ciro:
Romulus Cara, eu fico besta como pessoas experientes, até como o Delfim, entraram nessa.
Lembra quando BRICS tava na moda?
Lembra td mundo dizendo qual era o diferencial do BR nos BRICS?
Que era uma "democracia estavel, com institucionalidade madura e bem desenvolvida para os padroes de paises em desenvolvimento"?
Ate eu entrei nessa com a minha tese de doutorado e me fudi...
COMO OS CARAS PEGAM UMA CONSTRUÇÃO DE 30 ANOS E JOGAM NO LIXO?? EU NAO CONSIGO ACEITAR.
COMO OS CARAS PEGAM UMA CONSTRUÇÃO DE 30 ANOS E JOGAM NO LIXO?? EU NAO CONSIGO ACEITAR.
Eh aquele lance que a gente falou outro dia, dos 40 anos no deserto...
Vale pra dentro, pra geraçao q vai poder voltar a acreditar em institucionalidade, direito e Constituiçao, mas tb pra fora.
Vale pra dentro, pra geraçao q vai poder voltar a acreditar em institucionalidade, direito e Constituiçao, mas tb pra fora.
Quem eh o BR hj no mundo?
Estamos igual ou pior que o BR quebrado de FHC nos 90. Quase como o BR do Sarney da moratoria.
[Nota: atualização de 23/12 trazendo mais "caos" - conversando sobre esta postagem com a família no jantar, lembrei de uma fala da Beyoncé (?!) para a Lady Gaga (??!) que tem tudo a ver (!!):
Aqui o clip completo de "Telephone" (2009):
- "Telephone"?
- 2009?
- Lady Gaga ainda fazendo sucesso suficiente para topar as paradas?
- Brasil potência emergente respeitada no concerto das nações?
Ah, que saudades de 2009!
Tempo que não volta mais...
Daquilo tudo só restou...
- ... a Beyoncé!]
Estamos igual ou pior que o BR quebrado de FHC nos 90. Quase como o BR do Sarney da moratoria.
[Nota: atualização de 23/12 trazendo mais "caos" - conversando sobre esta postagem com a família no jantar, lembrei de uma fala da Beyoncé (?!) para a Lady Gaga (??!) que tem tudo a ver (!!):
Aqui o clip completo de "Telephone" (2009):
- "Telephone"?
- 2009?
- Lady Gaga ainda fazendo sucesso suficiente para topar as paradas?
- Brasil potência emergente respeitada no concerto das nações?
Ah, que saudades de 2009!
Tempo que não volta mais...
Daquilo tudo só restou...
- ... a Beyoncé!]
Ok... o crescimento do Brasil não era nenhuma Brastemp, mas era aquele devagar e sempre. Em grande parte, pela participação do Estado na economia, que era um peso nos momentos de crescimento, mas tb um amortecedor nos momentos de recessão global.
Os caras implodiram o Estado! (alem de setores inteiros da economia)
Ciro - O maior entrave ao crescimento não é exatamente o peso do Estado, é o peso dos privilégios que o estado garante através de diversos puxadinhos de tudo quanto é canto.
Romulus - Isso aí: Estado e para-Estado. O velho sistema cartorial ibérico.
Ciro - Sobre BRICS. Russos, Chineses, Indianos hoje sentem mais orgulho de sua nacionalidade do que em 1981. Sul Africanos estagnado o fator orgulho. Brasil teve imensa queda. https://twitter.com/msantoro1978/status/806957281782812672
“Brasil teve maior queda nesta pesquisa da revista Foreign Policy sobre orgulho nacional.”
TWITTER.COM|POR MAURÍCIO SANTORO
Romulus - un-fucking-believable. So posso crer q as pessoas q respondiam ao questionario em 81 tinham medo do SNI.
Romulus ou de repente achavam que em 82 o dream team do telê ia ganhar a copa do mundo... sei la...
Ciro - Po chorei tanto quando perdeu!
voltando aos brics:https://twitter.com/dinapomeranz/status/802067057789562880 (brasil tá entre 85 e 90% de desaprovação)
“% saying country on wrong track China 10 India 25 Peru 45 US 62 Germany 70 France, Mexico…
TWITTER.COM|POR DINA D. POMERANZ
Romulus po, não tem brasil!
curioso 70% p/Alemanha
curioso 70% p/Alemanha
isso era algo q eu queria colocar em algum post em q a gente discute conflito distributivo.
A Alemanha ta "maravilhosa", neh, com pleno emprego (salários baixos, plano de saúde privado obrigatório e aposentadoria com 67).
Ta tão maravilhosa q...
- ... ng tem filho!
Eh um dos paises mais envelhecidos e envelhecendo da Europa. Com natalidade baixa bem menor q a taxa de reposiçao.
Ai vc pega a França, esse "Estado perdulário", onde a "Sécu" (diminutivo para seguridade social) cobre todos os custos de saude, que tem creche pra td mundo, licença maternidade folgada e 35h de trabalho e aposentadoria aos 60.
Resultado?
- Das maiores taxas de natalidade na UE.
- ... ng tem filho!
Eh um dos paises mais envelhecidos e envelhecendo da Europa. Com natalidade baixa bem menor q a taxa de reposiçao.
Ai vc pega a França, esse "Estado perdulário", onde a "Sécu" (diminutivo para seguridade social) cobre todos os custos de saude, que tem creche pra td mundo, licença maternidade folgada e 35h de trabalho e aposentadoria aos 60.
Resultado?
- Das maiores taxas de natalidade na UE.
Ai a "FIESP" Alemã não tem quem contratar...
E pior: nao pode mais trazer gente do Leste Europeu e pagar 400 euros pq a condição pro SPD entrar na coalizão com a Merkel foi - FINALMENTE! - instituir um salário mínimo na Alemanha.
E pior: nao pode mais trazer gente do Leste Europeu e pagar 400 euros pq a condição pro SPD entrar na coalizão com a Merkel foi - FINALMENTE! - instituir um salário mínimo na Alemanha.
Romulus O que eles fazem?
Mandam Merkel virar uma "mãe" e abrir as fronteiras para "os pobres refugiados perseguidos no OM"
Não sem antes aprovar uma lei afastando a obrigatoriedade do salário mínimo novo aos refugiados.
Mandam Merkel virar uma "mãe" e abrir as fronteiras para "os pobres refugiados perseguidos no OM"
Não sem antes aprovar uma lei afastando a obrigatoriedade do salário mínimo novo aos refugiados.
Ciro - Enquanto o pessoal ficar vendo números vai ser assim. O Trump diz que vai fazer os EUA grande novamente. A Clinton diz que os EUA já estão ótimos, obrigado. Até que mais gente comprou a ideia dela do que do Trump (a Clinton já teve mais votos do que o Obama em 2012), mas não distribuídos geograficamente porque ninguém se preocupou em ver se todo mundo tinha ganhado mesmo.
Romulus Ai ela faz isso e todos ficam felizes??
Não... a velha xenofobia dá as caras e a novíssima extrema-direita dispara nas eleições locais. Ganha, inclusive, no feudo da Merkel.
Mas pagar pros alemães terem filhos eles não querem...
Não... a velha xenofobia dá as caras e a novíssima extrema-direita dispara nas eleições locais. Ganha, inclusive, no feudo da Merkel.
Mas pagar pros alemães terem filhos eles não querem...
Um amigo meu trabalhou na Alemanha como pós-doc na universidade melhor rankeada internacionalmente (Técnica de Munique). O salário dele, depois de tirar o plano de saúde privado obrigatório, a contribuição previdenciária (capitalização), IR e "imposto de solidariedade para o Leste" era indecente. Eu, como PhD - half time! - ganhava mais q ele aqui na Suíça.
Como ter filho assim?
Como ter filho assim?
Romulus E Maya Vermelha Ah.... por acaso eu ja falei - hoje - o quanto odeio a Merkel e o quanto eu acho ela a pessoa mais nefasta do "mundo livre" atualmente?
Romulus E Maya Vermelha E ja falei - de novo - daquele meu 1% que queria ver a Marine Le Pen ganhar e tocar fogo na porra toda?
Ciro - É a grande questão do mundo inteiro. TODO mundo está com uma renda disponível (pós-obrigatoriedades que não são apenas impostos) irrisória. O gasto americano médio com habitação (hipoteca ou aluguel) chega a mais de 40% da renda total, quando você adiciona isso o gasto com saúde e o gasto com educação superior (seja poupando para ou pagando a dívida) você vê que a renda disponível vai ser em torno de 20% no máximo.
Romulus pois eh... a classe média não pode mais pagar pra ter filho.
O custo marginal por filho do pobre eh menor. Vc vai empilhando um em cima do outro no puxadinho no morro. Saúde e educação todos tem igual: zero. Acaba que o custo marginal eh a boca a mais pra comer.
Ciro - Cara, olha a última edição do boletim do FUCKING FMI sobre finanças e desenvolvimento... aí a gente vê como as nossas elites não QUEREM minimamente nem discutir o assunto.http://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2016/12/index.htm
IMF.ORG
Ciro - "There is, however, a second way of answering the question, for what was normal even in the calm years of the early to mid-2000s may not necessarily have been desirable. Since that time, there has been a reappraisal of the case for cross-border finance. For one thing, some of its theoretical advantages appear to be just that: theoretical. In principle, financial globalization allows savers in rich countries to reap high returns in fast-growing emerging market economies, thus easing the rich-country challenge of paying for retirement. Meanwhile, it supplies foreign capital to emerging market economies, allowing them to invest more and thereby catch up faster with the rich world. But in reality, many large emerging markets have grown by mobilizing domestic savings, exporting capital rather than importing it. The textbook case for financial globalization exists mostly in textbooks."http://www.imf.org/exte.../pubs/ft/fandd/2016/12/mallaby.htmVer tradução
IMF.ORG
Ciro - Esse é o artigo principal do boletim. Aí qual é o plano JENIAL da nossa equipe econômica?
Romulus "The textbook case for financial globalization exists mostly in textbooks"
Romulus Em "equipe econômica" vc já ta incluindo o Sergio Moro e a implosão do capital privado nacional?
Ciro - Esses são os agentes, não os formuladores.
To falando é do Meirelles, do Fraga e do Goldfajn.
*
Mais France24 - agora em inglês! - e algo que "não (?) tem nada a ver" com isso tudo aqui
Descobri ontem Lisa Nesselson, esta crítica de cinema do canal em inglês da France24*:
(*antecipando do futuro post: obviamente meu problema com o noticiário americano não é o idioma!).
E já não me lembro como cheguei até aqui sem ela...
Como disse, descobri Lisa Nesselson ontem. Ela fazia então a sua lista de melhores filmes de 2016:
- Como não a amar instantaneamente depois disso??
Para quem também se apaixonou, já adianto:
Infelizmente ela não tem nem Facebook nem Twitter.
Sim, já procurei desesperadamente...
Certamente ela deve relacionar a emergência das redes sociais à tal "era de glorificação da mediocridade" de que falou no primeiro vídeo, sobre a eleição de Trump.
Se for o caso, não deixa de estar certa.
- Mas não há como voltar no tempo, cara Lisa!
Vocês se lembram da sucessão de "segundos turnos sumários e infernais" de que falei outro dia pro Prof. Renato Janine Ribeiro?
<<A ação política de curtíssimo prazo equivale mais ou menos a passar de "segundo turno" em "segundo turno". As nuvens se mexem no céu e, de maneira sumária, temos de fazer escolhas diante da nova composição. Ao fim e ao cabo, entre a menos ruim entre as duas vias com maior possibilidade de se concretizarem>>
- Pois então, cara Lisa. Deixar as redes sociais apenas para os mediocres e a glorificação da mediocridade equivale e perder a briga por W.O. Para você entender melhor: for better or worse there is no turning back, dear!
*
Bônus - mais Cracóvia:
*
Atualização 23/12
Voltei aqui apenas para colocar a minha nota com a citação da Beyoncé para a Lady Gaga (aí em cima no próprio texto) e lembrei de algo mais.
Uma omissão imperdoável para um advogado...
- ... ainda mais para um ex-aluno do Min. Barroso!!
Notem: há mais uma "pequena" diferença entre a França e o Brasil do golpe, além da qualidade das respectivas oposições:
- Na França não tem STF!
Tomaram horror de juiz com a última palavra e resolveram esse <<problema>> desde a Revolução Francesa, sabe...
*
Aliás, por falar em "revolução"...
*
Mais France24 - agora em inglês! - e algo que "não (?) tem nada a ver" com isso tudo aqui
Descobri ontem Lisa Nesselson, esta crítica de cinema do canal em inglês da France24*:
(*antecipando do futuro post: obviamente meu problema com o noticiário americano não é o idioma!).
E já não me lembro como cheguei até aqui sem ela...
Como disse, descobri Lisa Nesselson ontem. Ela fazia então a sua lista de melhores filmes de 2016:
- Como não a amar instantaneamente depois disso??
Para quem também se apaixonou, já adianto:
Infelizmente ela não tem nem Facebook nem Twitter.
Sim, já procurei desesperadamente...
Certamente ela deve relacionar a emergência das redes sociais à tal "era de glorificação da mediocridade" de que falou no primeiro vídeo, sobre a eleição de Trump.
Se for o caso, não deixa de estar certa.
- Mas não há como voltar no tempo, cara Lisa!
Vocês se lembram da sucessão de "segundos turnos sumários e infernais" de que falei outro dia pro Prof. Renato Janine Ribeiro?
<<A ação política de curtíssimo prazo equivale mais ou menos a passar de "segundo turno" em "segundo turno". As nuvens se mexem no céu e, de maneira sumária, temos de fazer escolhas diante da nova composição. Ao fim e ao cabo, entre a menos ruim entre as duas vias com maior possibilidade de se concretizarem>>
- Pois então, cara Lisa. Deixar as redes sociais apenas para os mediocres e a glorificação da mediocridade equivale e perder a briga por W.O. Para você entender melhor: for better or worse there is no turning back, dear!
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Bônus - mais Cracóvia:
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Atualização 23/12
Voltei aqui apenas para colocar a minha nota com a citação da Beyoncé para a Lady Gaga (aí em cima no próprio texto) e lembrei de algo mais.
Uma omissão imperdoável para um advogado...
- ... ainda mais para um ex-aluno do Min. Barroso!!
Notem: há mais uma "pequena" diferença entre a França e o Brasil do golpe, além da qualidade das respectivas oposições:
- Na França não tem STF!
Tomaram horror de juiz com a última palavra e resolveram esse <<problema>> desde a Revolução Francesa, sabe...
*
Aliás, por falar em "revolução"...
* * *
Com os seus descaminhos de vai e vem, juntando lés com crés que "não têm nada a ver", você vai abrindo novas perspectivas para os seus leitores. Comecei ontem à noite mesmo a ver um pouco da France24. Quanto ao post, você levanta uma questão terrível. É de uma ironia atroz a história da "pedalada fiscal" francesa! E pensar que esse mesmo "crime" nos custou um impeachment, um projeto de nação e esta crise infernal, político-econômico-sócio-institucional, ao longo deste último ano "em que o país se perdeu", como diz com razão Teresa Cruvinel...
ResponderExcluirNa sua garimpagem de indícios comprobatórios paralelos, a esquisitíssima crítica de cinema da versão em inglês da France 24 é mesmo um achado! Mas é engraçado você se chatear por ela abandonar as redes sociais ao "reino da mediocridade". De te fabula narrator? Só agora está começando a cair a ficha sobre o desastre do golpe... E o Parente não será condenado à morte por alta traição, ao entregar a Petrobrás no feirão, porque o povo não é chegado a rupturas sangrentas... Mas quando os partidos que apoiaram o golpe se derem conta, será tarde demais para soluções institucionais... E todos se verão confrontados com o imponderável, uma "revolução" - ou pelo menos uma convulsão social - de caminhos imprevisíveis... Mas quem explicou para o povo de que se tratava, ao longo desse processo?
É certo que não se pode pedir a um simples blogueiro que faça o trabalho durante anos negligenciado pelo governo, os partidos e a militância de esquerda. Tanto mais que o blogueiro não cessou de denunciar o golpe desde as suas primeiras articulações. Mas para quem? Claro, para os competentes e afiadíssimos leitores do seu excelente blog. O "resto" teria algo a ver com o "reino da mediocridade" de que foge a crítica de cinema? Seria então sua crítica, quase uma queixa, um lamento inconfessado de uma consciência dilacerada, como a da cozinheira do rei - já que estamos na seara cinematográfica - no admirável filme La fête de Babette?
Enfim, o moço continua a mil por hora, mesmo na Cracóvia!! rsrs. Aliás, ontem, um amigo entendido em tecnologia, a quem perguntava sobre os mistérios do Google em relação ao funcionamento do blog - na verdade, perguntava ao filho dele, que acabou de completar 20 anos rsrs - levou um susto ao saber da idade do blogueiro. "Você me recomendou, sempre que dá leio lá no Nassif, mas pensava que era um cara muuuuito mais velho, no mínimo da minha idade, se não fosse da sua geração..."! Viva Romulus, pois! E ainda aproveitei para repassar ao amigo o novo endereço do blog...
Velha discussão...
ExcluirPor mais que quisesse, a Babette saberia fazer um feijão com arroz, bife e batata frita tão bom quanto a tia da pensão da esquina?
Cada um faz consegue. Aptidão individual.
É diferente da crítica que se fecha a um novo meio - na verdade O novo meio - por saudosismo de um tempo que não vai voltar.
Romulus, o maior problema das "redes sociais" são os algoritmos que fazem a gente procurar só quem é afim e tem ideias e gostos afins, no final das contas. E isso me incomoda muito. As redes sociais criam a ilusão de que esse mundo que construímos a partir dessas relações virtuais é na realidade o mundo inteiro. Essa sacada não foi minha não, mas uma vez desnudada, não tive como não concordar com ela.
ExcluirTinha um comentarista no GGN - que durante algum tempo foi eleito pelo Nassif "o melhor comentarista político do Brasil" - que comentava o mundo a partir da sua janelinha do Facebook, e que depois de um certo tempo compreensivelmente sumiu do mapa. Isso porque os outros participantes começaram a questioná-lo de fora da sua janelinha do Facebook, que era o mundo inteiro para esse cara. Eu fui um dos que mais bateu nele, e nunca consegui obter dele uma resposta que transcendesse o mundinho facebuquiano que ele frequentava.
Para mim, isso não era perseguição - era simplesmente natural. Tenho 47 anos de idade, e peguei os tempos das famigeradas "listas de discussão" por e-mail, onde a gente discutia e brigava, pois os pontos de vista mais diversos se entrechocavam num espaço virtual de convivência. Posso dizer que, nessas listas, forjei muito de minha retórica justamente porque havia o choque, a discussão, o quebra-pau. Já nas redes sociais, cada grupinho se fecha em si mesmo e não se comunica - até porque os algoritmos só jogam aquilo que nos agradar nas feeds.
Por isso, hoje, a minha recusa (e a da crítica de cinema) a entrar nessa: por que usar um meio que, ao invés de me desafiar, só mostra aquilo com que eu me identifico? Isso não seria a droga definitiva, o "eu me amo" levado às últimas consequências digitais? Porque falar com opostos num Facebook da vida é uma batalha praticamente perdida, já que somos levados a pensar que nossa rede social é o mundo e não apenas parte dele. Minha mulher faz questão de manter pessoas que têm ideias que ela abomina como amigas, segundo ela para "entender como o outro lado pensa". Quantos fazem isso?
Por isso que para mim o ideal seria que houvesse uma rede "anti-social", com um botão escrito "fuck you!" ou "I hated it"! :)
Hahaha
ExcluirAdorei essa sua última ideia!
A questão em se abster das redes sociais é análoga à de se abster da política.
Se os "bons" fogem da raia, sobram apenas os "ruins".
Mas concordo com você que isso é mais em tese do que propriamente realidade, já que as duas bolhas são quase estanques.
Mas concordo que para quem mais lê do que escreve, há o risco do autismo virtual dentro da sua bolhinha algorítmica.
Mas para quem quer dizer algo, caso queira de fato agir minimamente sobre a realidade atual, as redes sociais são incontornáveis. Mesmo que o público atingido seja aquele de apenas um dos lados. Não há como mobilizar pessoas hoje desprezando as redes sociais as suas linguagens. Principalmente os jovens, cujos signos são tão desprezados pelos "velhos professores" em sua arrogância geracional.
Note como o meu jeito de escrever "caótico", como o de um millennial, falando sobre coisa "seria", "de adulto", fazia muita gente que se considera "antenada" franzir a testa. A começar pelo Nassif.
Veja os dois posts sobre o meu estilo.
É Romulus, a coisa tá feia. A "ficha pode estar até caindo" para alguns, mas a maioria das pessoas ainda pensa que a Lava Jato é uma coisa ótima e que o combate da corrupção justifica quaisquer barbaridades que se façam ao país. Faz duas semanas, fiz uma festinha de aniversário aqui em casa e um amigo, de quase 20 anos de convivência, mostrou que começa a ter suas dúvidas. "Ah, mas o devido processo legal foi seguido para o impeachment!" - o tipo de frase que pode ser usado para justificar quaisquer atrocidades, à esquerda e à direita. E eu reputava essa pessoa como alguém inteligente! Sorte que a caipirinha dele era bem melhor que os seus argumentos...
ResponderExcluirEsse é só um exemplo de algo que me causa espécie: a desistência voltuntária, por parte das pessoas, do exercício do raciocínio, do livre-pensar. Simplesmente terceirizaram suas opiniões para a mídia e saem repetindo as pós-verdades feito robôs - o que implica que, no fundo, o que elas querem mesmo é serem mandadinhas. As pessoas não entendem que o voto é a única de maneira de influenciarem seu destino - porque a mídia, ao invés de mostrar às pessoas que ganhar e perder eleições é do jogo, condiciona às pessoas a pensarem que eleição só presta quando o candidato da mídia ganha.
De resto, outro dia, entre colegas do trabalho, ao ouvir as "comemorações" por estarem prendendo políticos a torto e a direito (desde que não sejam do PSDB), retruquei: "que coisa boa, não é? Daqui a pouco não teremos em quem votar, pois vai estar todo mundo preso. Vamos virar uma república de aiatolás-juízes, onde só os puros e castos terão direito a votar e serem votados!" Risadinhas amarelas atravessam parte da mesa, enquanto outra parte prefere mudar de assunto.
Quanto à Cracóvia, visitei-a no fim do verão, e achei a cidade bonita, embora meio carola. Se quiser, veja minhas fotos aqui: https://www.flickr.com/photos/paulaofessel/sets/72157629418472465.
Abraços, e boa sorte para todos nós, que vamos precisar!
"Meio"??
ExcluirTotalmente Carola!
Acabei de ir a uma igreja... Dia de semana, de manhã, com fila pra confissão. Composta majoritariamente por adolescentes!
Mas, ao mesmo tempo, na rua principal as jovens e belas "polacas" carregando seus guarda-chuvas coloridos abordando turistas: a marca do ofício mais velho do mundo.
Quanto aos adolescentes indo confessar: sacumé, é o inverno, as pessoas ficam em casa, sem ter o que fazer... Mãos vazias são a oficina do diabo, kkkkkkk!
ExcluirMas no mais, ao menos o pessoal é muito simpático (exceto quando você cantarola dentro da igreja, hahaha). Lembro que estava levando minha filha no colo e uma "tia" chegou e começou a falar dela, que ela era um chuchuzinho, lindinha, etc... Pelo menos, acho que era isso, pois ela falava tudo em polonês!
Sim, são muito simpáticos, expansivos e emotivos. Dizem que os poloneses são os "latinos" da Leste. Assim como dizem que os coreanos são os latinos do extremo oriente.
ResponderExcluirRapaz, você e dona Maria são o bicho da goiaba. Não nos deixem. Feliz Natal!
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