Demissão do Ministro da Cultura Vol. 2: oportunismo de CALERO e primarismo da esquerda
Por Romulus
Continuação do post:
Curiosos os movimentos agora, já no “segundo tempo” do rolo da saída do ex-Ministro da Cultura, Marcelo Calero, do governo de usurpação encabeçado por Michel Temer.
Certamente Calero é adepto da máxima:
– A vida te deu um limão? Pois faça uma limonada!
Rapaz ambicioso e oportunista, quer agora usar o episódio da sua saída como vento de proa para ~ surfar ~ na onda de demonização da política e de políticos profissionais.
Põe-se agora como paladino:
- da moralidade;
- da classe média; e
- da “meritocracia”; ...
... contra...
- ...“isso tudo que está aí”!
Peraí...
Contra “isso tudo que está aí”?
Contra políticos profissionais?
É isso mesmo??
Mas até <<dias atrás>> não era ele “parça” desse pessoal todo?
Pois agora se diz (apenas) “diplomata”, funcionário público “de carreira”, alheio a “esse meio da política”.
Alguém - da “classe média”! - escandalizado diante de um “caso claro de corrupção” dessa “gente do poder”:
Sim, é certo que passou no concurso e faz parte do corpo diplomático.
Mas...
... já faz um “tempinho” desde que ocupou seu último posto no Itamaraty, não?
Coincidentemente, o mesmo “tempinho” em que “o meio da política” deixou de lhe ser tão “estranho”.
Vinha ocupando diversos cargos <<em comissão>> nas duas administrações de Eduardo Paes - de quem é próximo - na prefeitura do Rio.
Desde 2013 foi Coordenador-Adjunto de Relações Internacionais da Prefeitura, Presidente do Comitê Rio450 e finalmente Secretário de...
- ... Cultura!
Meses depois, graças também a Paes, chegou ao posto de Ministro Estado dessa pasta, já no governo de usurpação.
Conforme lemos no Estadão, Calero brada que foi criado com “valores fundamentais de retidão e honestidade”.
- Que bom! Parabéns aos seus pais, <<Ministro>>!
E no entanto...
Bem, e no entanto ascendeu ao primeiro escalão do Ministério pelas mãos de um governo chefiado por figuras do quilate de Eduardo Cunha / Temer / Geddel (ele!) / Eliseu Padilha / Moreira Franco / Romero Jucá!
Hmmm... contraditório, não?
Bem, talvez não...
Talvez os tais “valores fundamentais” englobem tão somente atos pessoais. E não de terceiros ali do lado, na copa e cozinha do poder.
Mesmo quando esses terceiros agem em seu benefício e, por sua graça, se torne ...
- ... Ministro de Estado!
“Honestidade e retidão”: com Temer, sob os aplausos de Sarney e de Padilha, toma posse. Contando ainda com a presença do sorridente Min. Barroso, ex-professor, na primeira fila.
Nada como uma suspeita de <<grampo>>, em uma <<conversa comprometedora>>, com alguém como <<Geddel!>>, para ser lembrado dos tais “valores fundamentais de retidão e honestidade”, não?
Bem, alguns dirão: “antes tarde do que nunca”!
E, dentre esses, parcela da esquerda afeita a um certo primarismo. Parcela que não consegue ir além de um pensamento binário, que obedece necessariamente a uma dinâmica “antagonizante” exclusiva. Ou seja, reduz-se a disputa política a dois lados: “mocinhos” contra “bandidos”.
E, seguindo no primarismo, quem atira num “bandido” automaticamente se torna...
- ... “mocinho”, ora!
*
Não foram poucas as vezes ontem em que vi nas redes sociais louvações a Calero. Inclusive por parte da esquerda!
Repetiam quase sempre algo como “quem é digno sai desse governo”.
Mas peraí...
Para começo de conversa, quem é digno <<entrou>> nesse governo??
*
De repente, da noite para o dia, ninguém lembrava mais de alguns “pontos altos” da passagem de Calero pelo Ministério:
“Deu no New York Times”, até...
“Política brasileira sufoca ambições de filme para o Oscar”.
Mas isso é o passado...
E nada mais ~ cinematográfico ~ do que um enredo de “redenção”, não é mesmo?
Pois assim pensam até mesmo as vítimas (!) do Ministro (e dos seus (ex) chefes):
Oi?!
Dia de “Clara”?
Como assim, “Aquarius – filme”?
*
Ok, dou desconto:
- Liberdade poética de artistas;
+
- Apelo irresistível de aproximar esse rolo do antigo algoz - que está na capa de todos os jornais - da trama do filme (resistência à especulação imobiliária), no esforço de divulgação do mesmo.
Afinal, toda a ajuda é bem-vinda para um filme tão boicotado.
E não só no Oscar...
Notem: Calero, aquele da “retidão e da honestidade fundamentais”, era, inegavelmente, um Ministro bastante diligente:
Assim, o perfil de “Aquarius” no Facebook está...
- ... “redimido”.
E “redenção” é também o que busca o ex-algoz, Calero.
Porque, tomando ainda partido da liberdade poética, “redenção” rima com “limão”, não é mesmo?
Então, dado o limão pela vida, façamos logo a tal da limonada!
Afinal, dada a aridez do Brasil atual, está cheio de gente ávida por se ~ refrescar ~ com a bebida:
*
Para ficar ainda na sétima arte, na dramaturgia, nada como um novo papel – de preferência antagônico! – para reavivar a carreira de um ator estereotipado, não é verdade?
Pois eis o papel a ser esquecido...
Eleições de 2010.
"Recriar a Guanabara"?
Por que não surpreende esse mote elitista e segregacionista que anima corações e mentes da Grande Tijuca (sua área de origem) para baixo, rumo à Zona Sul do Rio?
Pensamento demofóbico de quem, incapaz de eleger governadores do Estado, por ser minoria, sonha com a secessão.
Acordem!
Como se diz no Rio, da elitista Zona Sul às populares <<Baixada Fluminense>> e <<São Gonçalo>>:
- Não vai rolar! rs
Com quem “lhe descobriu”: Paes.
E finalmente Brasília: “honestidade” e “retidão”, “valores fundamentais”.
Tanto quanto “democracia” e “Estado de direito”??
... e o novo papel, a obliterar (?) o anterior na memória do público:
Sim... “classe média”, “meritocrático”, “concursado”, “servidor de carreira”, “alheio ao poder” e a “Brasília”...
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Que coincidência!
Pois é essa, justamente, a descrição dos atributos imprescindíveis a um ~ ator ~ que queira ~ interpretar ~ o zeitgeist, o espírito (farsesco!) do nosso tempo:
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E aí? Tem physique du rôle ou não, minha gente?
- Pois você não está só! Clique na imagem e chore suas mágoas:
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Longe da política carioca há anos, eu não fazia ideia de quem era essa figura, qual o seu percurso, e só ouvi falar dele quando foi nomeado ministro e depois, quando boicotou Aquarius. Realmente muito oportunista. Então esse não é o mundo dele? Depois de tantos anos envolvido na política? O passado já o condena, meu caro! Vai voltar pra diplomacia? Será que está preparado pra se sentir um peixe fora d'água, um corpo estranho num universo onde reina o orgulho e a vaidade de estarem, eles, "au-dessus de la mêlée"?
ResponderExcluirEle conseguiu o objetivo dele, tá na mídia!! E em campanha!! O problema que tem gente q vive buscando Salvadores da Pátria, por isso tem eco.
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