Apertem os cintos e respirem fundo: eleições agora serão como a de Trump. E em todo o mundo! (Parte 1)
Por Romulus
– As redes sociais, seus algoritmos e o “efeito bolha”;
– Resultado: de um lado da moeda, (i) a polarização e (ii) a radicalização;
– Do outro, o derretimento do centro do espectro político, resultando no (iii) acirramento das eleições e do pós-eleições;
– Consequências nefastas: instabilidade política, golpismo e exacerbação ideológica nas políticas do governo polarizador de turno;
– Estaremos fadados a eleições (i) polarizadas, (ii) radicalizadas, e (iii) acirradas, na base do “51% vs. 49%”.
– França/2012, Brasil/2014, Argentina/2015, Áustria/2016, Brexit/2016, e...
- ... Trump/2016!
- E o que mais?
– Marine Le Pen/2017?
– ... 2018 no Brasil?
*
Após ler o post anterior (clique na imagem para abrir)...
... um leitor me alertou para outros aspectos da eleição americana, lembrando que também já os comentara em posts anteriores:
- polarização;
- radicalização; e
- acirramento.
Ou seja, a divisão “50/50” do eleitorado, ambos os lados “com faca nos dentes”.
Assim, lembrado pelo leitor, reproduzo abaixo trechos de alguns posts deste ano (clique na imagem para abrir):
*
Trechos:
Não podemos desprezar, no fenômeno de “midiotização” acentuada da sociedade, nem (a) a atuação dos barões da mídia, nem (b) algo novo: as redes sociais e as duas bolhas estanques: a “azul” e a “vermelha”.
(...)
Todos seguiremos nas nossas bolhinhas estanques no Facebook/Twitter: pró-golpe vs. pró-legalidade, pró-minorias vs. pró-opressão da maioria; (sangue) vermelho vs. (sangue) azul... cada lado cada vez mais convencido do mérito da sua causa e da “torpeza” da rival – a qual convenientemente nem mais vê no seu feed nas redes sociais!
Santo algoritmo, Sr. Zuckerberg!
E assim caminha online a humanidade – e agora também na vida real! Cada vez mais certa de tudo e cada vez menos con-certada.
Sim, caminha...
Mas para onde, hein?
(...)
Já escrevi no blog sobre o efeito bolha, potencializado em muito pelo avanço das redes sociais. Creio que isso contribuiu decisivamente para as atuais circunstâncias:
(i) Polarização
– A disputa se dá entre o “A” e...
– ... o “anti-A”. E não mais contra “B”, “C”, ou “D”, ... projetos diferentes de “A”, mas não ~ antagônicos ~.
– A definição de o que é ser “A” não se faz majoritariamente pela ~ afirmação ~ de uma identidade e de um conjunto de valores, mas pela ~ negação ~ da identidade e dos valores do “anti-A” – e vice-versa.
[Soa familiar?]
(ii) Radicalização
Como já afirmei acima, os projetos alternativos “B”, “C”, D”, ... se tornaram marginais na briga pela vitória em eleições majoritárias. Só há espaço para “A” e “Anti-A”.
Mas não é só:
Diante da briga entre esses opostos absolutos, a derrota de cada campo representa para ele uma derrota ~ total ~, com a implementação da agenda diametralmente oposta à sua (e não apenas diferente).
Assim, as partes tendem a radicalizar o discurso e a postura quanto ao resultado do pleito:
– “É ‘A’ ou nada!” vs. “É ‘anti-A’ ou nada!”.
[Soa familiar? (2)]
(iii) Golpismo, instabilidade e exacerbação ideológica nas opções políticas do governo de turno
– O outro lado da moeda foi o derretimento e desaparecimento do “Centro” político como ator relevante, autônomo.
E o que era esse “centro”?
– O poder moderador, que compunha com a parte vencedora, no embate entre os opostos, “A” vs. “Anti-A”.
Assim, dava-lhe governabilidade e estabilidade, numa coalizão de governo com maioria folgada, evitando o golpismo do lado perdedor.
Ou seja, as saídas fora da institucionalidade.
– Da mesma forma, ao requerer, para compor com ele, uma moderação do discurso e das ações do polo vencedor, o “centro” coibia excessos, contribuindo, assim, ainda mais para a estabilidade geral do sistema ao longo do tempo. Não havia espaço para rupturas e guinadas programáticas ~ radicais ~.
Hoje essa dinâmica desapareceu.
No Brasil e no mundo.
Assim, alternância de poder representa, na política e na economia, guinadas radicais, quando não de 180o graus.
O “centro”, mais do que nunca amorfo, não tem mais força ou autonomia para coibir a exacerbação ideológica nas opções políticas do governo de turno, A ou “Anti-A”.
[Soa familiar? (3)]
(iv) Acirramento
Qual é a base social “centrista”, que dava esteio político-eleitoral ao pensamento de centro?
Notem bem: escrevo a palavra “centrista” entre aspas de caso (bem) pensado.
– Isso porque, em geral, seus membros tendem a pertencer à parcela despolitizada da população. Parcela essa, a priori, aberta à sedução – seguindo considerações pragmáticas.
É, portanto, objeto de disputa e conquista pelos dois polos antagônicos da política, “A” e “Anti-A”.
De novo e de novo.
A cada rodada eleitoral.
– É o fiel da balança, que pende ora para um lado, ora para outro. E o faz muito mais pela conjuntura – aquilo que indicam “os ventos” e as “nuvens no céu” – do que propriamente por convicções político-ideológicas “centristas” (em sentido estrito).
Ou seja, não têm nada a ver, por exemplo, com o ideário sintético de uma democracia cristã europeia.
A seu respeito, faço uma provocação:
– Como disse, trata-se de uma “parcela despolitizada, pragmática, aberta à disputa e conquista pelos dois polos antagônicos a cada rodada eleitoral. Fiel da balança, decide-se muito mais pela conjuntura – “ventos e nuvens” – do que propriamente por convicções políticas”.
Soa familiar?
[(4)]
Lógico que sim!
– São os “PMDBistas” da sociedade!
*
Após citar esses pensamentos de posts passados, vamos elaborar um pouquinho mais:
A ascensão e consolidação de:
– “Efeito bolha”;
– Polarização;
– Radicalização;
– Acirramento; e
– Perspectiva de golpismos, instabilidade e exacerbação ideológica nas opções políticas do governo de turno...
... fazem, logicamente, com que o ambiente político-social dos pleitos eleitorais – no Brasil e no mundo! – se dê à sombra desses signos. O resultado é expresso...
... em números:
– 50/50...
... e em posturas de:
– Inconformismo da parte derrotada; e
– Excessos da parte vencedora.
Senão por convicção, ao menos por cálculo político... o vencedor, que polarizou a sociedade para se eleger, visa a:
– Provocar a base social da parte derrotada; e
– Através da dinâmica de identidade política não pela afirmação, mas pela negação do outro (a “antagonização” discutida acima), fidelizar a ~ sua ~ base social e mantê-la mobilizada para além do calendário eleitoral.
Vale lembrar:
– Foi a radicalização, a polarização e o acirramento das duas bases sociais antagonizadas que permitiu a ascensão do polarizador de turno ao poder – “A” ou “anti-A”.
Perguntas:
(a) Para que mexer em time que está ganhando?
E mais:
(b) Como resistir ao assédio do outro lado – com, no mínimo, guerra de guerrilha diuturna no mercado de opinião e, no máximo, sabotagem e golpismo – sem manter a sua base a todo tempo (1) radicalmente contrária ao outro lado; e (2) mobilizada, ou seja, “na rua” e “com faca nos dentes”?
Exemplo de provocação desse tipo?
Assim, cito mais um pensamento de post passado:
>>Desconfio que estaremos fadados a eleições radicalizadas, polarizadas e acirradas, na base do ~“51% vs. 49%” ~, com ~ “faca nos dentes” ~ dos dois lados<<
Ah, não?
Pois sim:
– França/2012
– Brasil/2014
– Argentina/2015
– Áustria/2016
– “Brexit”/2016
Mas tenho já agora de atualizar, com acréscimo:
– Trump/2016!
Oremos para que a próxima atualização deste post não seja para acrescentar...
– ... Marine Le Pen/2017!
Mais non! Pas Marine!
E vamos precisar de muita oração mesmo... dos dois lados do Atlântico:
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E depois de Marine Le Pen?
???
– Oh, Senhor!
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Vídeo:
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Vídeo:
Marine Le Pen e demais companheiros da extrema-direita europeia, da Holanda e da Alemanha – sim... isso mesmo: da Alemanha!! – se regalam com a vitória de Trump nos EUA.
Vi na TV, da mesma forma, exaltações de Matteo Salvini, líder da Lega Nord italiana.
Sem esquecer do primo-pobre: Bolsonaro!
Deu seus parabéns a Trump pelo twitter.
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Atualização 13/11:
Cristina Kirchner avalia razões da vitória de Trump nos EUA.
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Atualização 13/11:
Cristina Kirchner avalia razões da vitória de Trump nos EUA.
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Fim da Parte 1
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Leia a continuação:
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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como "uma esquerdista que sabe fazer conta". Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
Marine nooooooo!!!!
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